*Por Samir Iásbeck
Ao contrário do que muitos imaginam, os jogos possuem funções que vão muito além de apenas entreter, relaxar e distrair nos momentos de lazer. Nos últimos anos, o entendimento de que eles também podem ser aplicados pelo RH em processos seletivos e treinamentos; pelos professores nos estudos e momentos de aulas, e para motivar, integrar e engajar os colaboradores foi ampliado, e já podemos ver instituições dos mais variados segmentos utilizando-os em diversos momentos e com objetivos diferentes.
Segundo estudo realizado pela Universidade de Amsterdam em parceria com o Instituto Karolinska, houve um crescimento de aproximadamente 2,5 pontos no QI de crianças que tinham a prática de jogar videogames, o que mostra como eles são capazes de aumentar a inteligência.
Por conta dos resultados positivos observados no mercado, um número cada vez maior de empresas tem buscado trazer para dentro de casa os jogos e as estratégias de gamificação, que consistem na aplicação de elementos, lógicas e mecânicas de jogos em diversas atividades, principalmente com foco em qualificar, educar e treinar seus colaboradores.
Porém, existe outro mercado que tem muito a ganhar com a adoção da ludificação e dos games: o varejo. Com as recentes transformações no comportamento de consumo, foi necessário se atentar e acompanhar as inovações para buscar compreender como e quais delas podem agregar aos negócios e promover uma entrega de mais qualidade para os clientes, além de alavancar as vendas.
Dessa forma, os marketplaces passaram a investir em gamificação com o objetivo de atingir e fidelizar os consumidores — ainda mais em datas importantes para o varejo como a Black Friday e o Natal. Marcas como a Shopee, plataforma de comércio eletrônico asiática, e a Shein, varejista chinesa focada no mercado de fast fashion, já atuam nesse sentido e contam com diversos mini games em seus aplicativos que caíram no gosto dos usuários. Ao darem prêmios, como cupons e descontos nas compras e fretes, eles incentivam os consumidores a se envolver mais intensamente com a marca e adquirir produtos com mais frequência.
E esse movimento tem dado muito certo para elas. De acordo com relatório da Goldman Sachs, produzido por meio de informações coletadas pela consultoria Sensor Tower, o app da Shein foi o mais baixado do segmento de moda em 2021, com 23,8 milhões de downloads. Já a Shopee multiplicou notoriamente o capital da sua instituição de pagamento no país, que foi de R$ 4 milhões para R$ 44 milhões.
Esse sucesso chamou a atenção do varejo brasileiro, que precisa retomar o interesse do público no setor e já está se movimentando para adotar estratégias do tipo. Tudo isso coloca a gamificação como uma das principais tendências para os marketplaces nos próximos anos, e quem não se atentar a isso vai ficar para trás nessa corrida maluca.
*Samir Iásbeck é CEO e Fundador do Qranio, plataforma LMS/LXP customizável de aprendizagem que usa a ludificação para estimular os usuários a se envolverem com conteúdos educacionais em todos os momentos