Nesta semana completamos 19 anos de casados e sabe que a sensação que tenho é a de que os relacionamentos são como os vinhos: ficam melhor com o passar dos anos! Não venho aqui para tentar catequisar ninguém, menos ainda para ser exemplo. Essa é apenas uma prosa sobre o que acontece lá em casa, como decidimos investir para uma vida leve e feliz.
Como já contei, casei grávida, com 21 anos, depois de dois de namoro. Como na minha cabecinha de conto de fadas as coisas não haviam acontecido na forma que deveria – comprar uma casa, viajar sozinhos por um tempo, planejar e depois ter um filho – cada briga que tínhamos eu pensava em ir embora. E ia! Fui várias vezes para a casa dos meus pais, ficava ali uns dois ou três dias até que calçava a cara e voltava – logo eu que tenho a maior dificuldade do mundo em pedir desculpas.
Dentro de mim era tipo “começou errado, não vai dar certo mesmo”. Mas, começou errado como? Só na minha imaginação. A vida não tem fórmula pronta e esse foi o primeiro grande aprendizado. Sua vida, seu casamento, sua família só ruma à paz quando conseguimos enxergar o que de fato funciona para nós. O que ressalta nosso potencial e reduz nossas fraquezas.
Essa é a segunda grande sacada: nunca ver o outro como um oponente e sim como um objeto de valor. Sabe aquele anel precioso que você guarda com zelo, coloca naquela caixinha de veludo e abre e fecha ela com o maior cuidado do mundo? É isso!
Vejam bem, até por inteligência, por benefício próprio, uma vez que no casamento não há vencedor isolado. Se um ganha e o outro perde, os dois perderam. Não há vitória se aquilo custou um desajuste no parceiro e, consequentemente, despertou nele suas fragilidades. E tem mais. Vocês já observaram o quanto é bom demais conviver com gente que se sente amada? A pessoa é segura e suas ações são generosas, porque amor só se multiplica.
Ah, mas então a vida de vocês é perfeita? Definitivamente não. Passamos por situações demasiadamente desafiadoras, mas, é muito boa a maior parte do tempo. Por muitas vezes eu tenho vontade de afogar o Alisson com o travesseiro silenciosamente enquanto dorme. Também tem os dias que reclamo dele existir para quem encosta do lado, que torço o nariz para cada coisa que ele faz, mas nunca, jamais, o faria sangrar num tanque de tubarões.
Machucá-lo de forma pensada é algo repulsivo. Parece que meu cérebro até se assusta com a hipótese, dá um tranco. O amor que sinto pelo meu marido é gostoso, tem cheiro de café passado cedo, de tapioca com muçarela e tomate, de cerveja gelada depois de um dia corrido, de estar sempre ali mesmo a quilômetros. Pode ser que um dia ele me decepcione? Pode sim. Mas, hoje, prefiro ter a minha vida entrelaçada à dele. Prefiro acreditar na parceria, nos frutos da convivência. E que, conforme prometemos, no altar – ainda que inconscientemente naquele momento – assim seja!