“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Essa é uma das frases mais famosas da escritora francesa, Simone de Beauvoir, para dizer que as pessoas (eu, você, nós) somos moldados para atuar em sociedade desde que nascemos. A frase, que faz parte da obra chamada O Segundo Sexo, escrita em 1949, tem muito a ver com a pauta de hoje e o contexto da sociedade atual. É muito importante tratar sobre o quanto somos moldados e ter em mente o quanto é necessário lutar pela igualdade de direitos. Mas o que ocorre é que ainda hoje há muitos passos a serem dados neste sentido. Muitas cidades, inclusive, estão cerceando que escolas discutam gênero dentro de suas dependências. Para tratar sobre a necessidade em trabalhar o conceito, seja nas escolas ou fora dela, haverá em Mogi Guaçu o 1° Seminário Municipal sobre Educação e Relações de Gênero. O evento será realizado no dia 5 de setembro e estará aberto para toda a população. O nome escolhido para o primeiro evento, já que muitos devem ocorrer, é História, Cristianismo e Educação.
“A grande frente de resistência que se formou para contestar a palavra gênero foi organizada por setores religiosos e em sua maioria fundamentalistas. Esse primeiro seminário nasceu da necessidade em discutirmos as tentativas de invisibilidade da palavra gênero nos planos nacionais de educação brasileiro, refletindo e analisando através de aportes teóricos dos saberes históricos, sociológicos e da teologia da libertação os avanços que esses debates promovem com relação as conquistas e equidade de direitos entre homens e mulheres, assim como a prevenção da violência de gênero e da população LGBTT”, destacou um dos organizadores do evento e palestrante do seminário, professor Alex Barreiro, doutorando em Educação pela Unicamp.
O evento será composto pela palestra realizada por Barreiro, chamada “Ideologia de gênero nas escolas municipais? Os fantasmas que assombram o desconhecido” e por mais dois temas: “Por uma teologia da libertação”, a ser realizada pelo professor Leandro Longo, graduado em Ciências Sociais, e “Do mundo antigo à ordem contemporânea: o corpo disciplinado”, proporcionada pelo professor Filipe Silva, mestre em História pela Unicamp.
“Vou abordar sobre os antigos que no passado tinham uma forma de lidar com o corpo e com o sexo de uma maneira diferente da atualidade. De tal maneira que nos permite pensar e repensar nossas regras sociais enquanto construções culturais e não determinadas”, destacou o mestre Filipe Silva, ao informar sobre o tema de sua palestra.
“Vou resgatar a perspectiva da libertação de que a centralidade está no pobre. Você chega no Cristo se descobrir o pobre. O pobre está em Cristo e Cristo está no pobre. Mas quem é o pobre hoje? Nós queremos então dar sexualidade, gênero, dar cor para esse pobre do qual nos falamos que ele precisa se libertar. Mas se libertar do que? Das condições de opressão da sociedade”, destacou o professor Leandro Longo.
O que é gênero?
De maneira simplória, gênero (que para muitos é uma palavra assombrosa) nada mais é do que o fazer social e as performances do corpo. Um dos exemplos mencionados pelo professor Alex Barreiro é o ato de lavar roupa. “Lavar roupa é coisa de mulher. Mas por que é coisa de mulher? Por que esse fazer é necessariamente dela?”.
“A discussão possibilita criar instrumentos para a equalizar as relações entre os gêneros masculino e feminino”, destacou Barreiro.
Serviço
Data do seminário: dia 5 de setembro
Horário: a partir das 14h
Entrada: gratuita e aberta para toda a população
Local: Teatro Tupec
Mais informações pela página do Facebook: I Seminário Municipal sobre Educação e Relações de Gênero