De volta ao Boteco, Geraldão, ex-ídolo corintiano, fala sobre a parceria com Sócrates e duelos com zagueiros
Boteco – Você teve uma história muito próxima do Sócrates, tanto no Botafogo, de Ribeirão, quanto no Corinthians, onde se reencontraram. Como foi o início da relação?
Geraldão – Nós começamos no Botafogo, o Sócrates estava nos juniores ainda quando eu cheguei lá. Eu cheguei mais ou menos em 70, nós passamos a jogar juntos em 73, foi quando machucou o Maritaca, de Casa Branca. Estava jogando eu e ele, o Botafogo estava passando a crescer naquela época e ficou sem um ponta de lança. Foi aí que os caras foram lá embaixo e levaram o Sócrates para cima e passamos a jogar juntos. E passamos a nos dar muito bem, se entender melhor, foi aí que surgiu essa dupla, Sócrates e Geraldão.
Boteco – Primeiro você foi para o Corinthians e depois ele?
Geraldão – Isso, só não fomos juntos porque ele estava fazendo Medicina e faltava dois anos para ele terminar, e ele queria terminar. Então ele ficou e eu acabei indo.
Boteco – Alguma história divertida com ele?
Geraldão – Ele era meio calado, não falava muito naquela época, então não tinha muita história com ele. Ele chegava na concentração, ficava mais ou menos quieto.
Boteco – Vocês chegavam a sair, tomar uma cervejinha?
Geraldão – Eu não era muito de sair, não ia para noitada. Por isso que não tenho muita história dele.
Boteco – Qual o jogo que mais te marcou na vida?
Geraldão – Foi quando eu jogava na Segunda Divisão, em Presidente Epitáfio (pelo Epitaciano), contra Sertãozinho, ganhamos de 1 a 0 e eu fiz gol, foi muito importante, a partir desse gol, vim pro Botafogo e comecei a subir.
Boteco – Como foi fazer 5 gols nas finais do Gauchão de 1982?
Geraldão – Eu fiz três gols pelo Internacional na final no nosso campo, ganhamos de 3 a 1 do Grêmio. Depois no campo do Grêmio, fiz dois. Ganhamos de 2 a 0.
Boteco – Qual a maior rivalidade? Gre-Nal ou Corinthians x Palmeiras?
Geraldão – Acho que são todos iguais, falou que é rivalidade, Corinthians x Palmeiras, Grêmio x Internacional, é uma guerra, todo mundo entra para ganhar.
Boteco – O futebol era mais charmoso fora de campo?
Geraldão – Acho que sim, hoje acho que os jogadores não têm muita liberdade, chegam no estádio, o torcedor não tem acesso. Na nossa época a gente tinha acesso aos torcedores. Às vezes você encontrava o torcedor, conseguia levar para o vestiário, hoje eu não vejo isso. Jogadores parece que estão determinados a entrar e ir direto pro vestiário.
Boteco – Qual foi seu melhor marcador?
Geraldão – O Oscar, da Ponte Preta, e o Luís Pereira, do Palmeiras. Era difícil passar por eles.
Boteco – Havia alguma estratégia para te desestabilizar?
Geraldão – Não, a gente jogava conversando. Eu entrava em campo: “vamos jogar bola, vocês jogam a de vocês, eu, a minha, sem machucar um o outro”. Eles eram muito bons e era complicado, tinha que fazer muita coisa para sair deles.
Boteco – E existiam jogadores que queriam mesmo bater?
Geraldão – Ah, tinha. Esses daí quando batiam, eu batia também. Eles vinham bater, eu falava: “então, já que vocês querem bater, vamos bater”. E eles levavam desvantagem. Eles me davam pancada por baixo, pensavam que eu ia bater por baixo, eu pegava por cima, que era mais difícil eles se defenderem. Eu pegava com o cotovelo, eles não tinham condições de me pegar.
Boteco – Valeu, Geraldão!