O folclórico Gilmar Fubá recorda a surpreendente transformação de atacante do time amador Vai Quem Qué em volante do Corinthians e conta quando começou a ser assediado pelas mulheres.
Boteco – Como você chegou ao Corinthians?
Gilmar – Eu jogava num time de várzea chamado Vai Quem Qué e na época de eleição foi um vereador lá. Época de eleição, eles levam bola, fazem churrasco, para ganhar voto. E ele me viu jogando e era conselheiro do Corinthians. E gostou de mim. Falou assim pro dono do time que eu jogava: “pô, esse garoto é bom! Dá para levar ele para fazer um teste no Corinthians?”. Aí ele mandou uma carta para eu ir fazer o teste. E eu fui e no meio de 10 mil moleques ficou eu e mais um só. O outro não vingou.
Boteco – Você já era volante?
Gilmar – Não, eu jogava na frente! Eu era atacante. Aí quando chegou o dia do teste, eles falavam por posição. Lateral: aí levantava a mão quem era lateral. Aí quando chegou na hora do volante, tinha pouco volante. Aí eu pensei: já que tem pouco volante, varzeano joga em qualquer posição. Eu levantei. Nunca joguei de volante na minha vida. Você sabe que na várzea joga de qualquer coisa. Então levantei a mão, acabei fazendo o teste, toda semana eu ia fazer o teste. Até que um dia era o Márcio Araújo o treinador do juvenil. O Márcio Araújo falou: “vou ficar com você, dá os documentos tudo, vou ficar com você”.
Boteco – Foi uma surpresa ser aprovado como volante?
Gilmar – Ninguém acreditava, né? Os caras falavam, Gilmar só batia o caramba, mas sempre joguei na frente tipo aqueles pivozão, tal.
Boteco – Você já era corintiano quando chegou ao clube?
Gilmar – Sempre fui, minha família sempre foi corintiana.
Boteco – E desde a base sempre teve assédio das mulheres?
Gilmar – Não, eu era feio para caramba, cabelo desse tamanho (grande), não tinha 1 real nem para chupar uma bala, como a mulher vai vir? O assédio só foi depois de profissional, aí você tá com um carro bom, tá com dinheiro no bolso, as mulheres correm atrás de você (risos).
Boteco – Como foi receber o apelido de Fubá?
Gilmar – Meu pai não tinha condições financeiras, só meu pai trabalhava e seis filhos homens. E como o fubá era barato, os caras jogavam fubá na frente da casa. Aí como não tinha dinheiro para comprar leite, minha mãe pegava, fazia fubá com água e sal e dava na mamadeira para gente. Aí um dia foi a Globo na casa da minha mãe e perguntou porque eu era forte, aí minha mãe contou essa história, aí acabou pegando. No começo, eu não gostava de me chamarem de Fubá, aí foi pegando, pegando, não teve jeito mais.
Boteco – Quem eram seu ídolos?
Gilmar – O próprio Ezequiel, César Sampaio, Mauro Silva, jogador do estilo que eu jogava. Ezequiel eu amava. Eu assistia jogo no Pacaembu, o júnior jogava antes, eu ficava assistindo para ver ele jogar. Neguinho desse tamanhinho, marcava o meio de campo todinho.
Boteco – Alguma história boa com o Ezequiel?
Gilmar – Ezequiel chegava meio mamado e não queria treinar. Aí o que a gente fazia? A gente amarrava ele com atadura e faixa, ia pro treino, ele não treinava. Aí tinha dia que ele se amarrava sozinho para não treinar.
Boteco – Gilmar volta para contar como as brigas no elenco de estrelas como Marcelinho, Edilson & Cia. eram movidas por vaidades relacionadas a carro, roupas e relógios e não pelo futebol e recordar a reação de Luxemburgo no dia em que chegou para treinar com uma Ferrari.