No terceiro capítulo de suas histórias, Gino relembra como se tornou ídolo do Paysandu e recorda a inesquecível vitória sobre o Boca Juniors, na La Bombonera.
Boteco – Muitas histórias no Paysandu?
Gino – O Paysandu foi um achado. A primeira oportunidade que eu tive, eu não sabia se ia. Apesar que eu estava seis meses parado e recebi um telefone de um empresário de Maceió dizendo que eu tinha oportunidade de ir. Eu pensei: “Paysandu, pô, Belém do Pará, vou pensar”. “Então você pensa rápido que o Givanildo quer você lá hoje, se não for para ir hoje, não precisa ir mais”. E as informações que eu tinha de Belém eram as piores possíveis. “Cuidado que ela só tem índio, flechada, não sei o quê”. Liguei para dois amigos, os caras falaram: “pô, lá está pagando certinho, onde o Givanildo tá, pode ir que está recebendo”. Eu peguei e fui. Pô, três dias de Belém eu peguei dengue. Para você acostumar naquele Mangueirão… Mas foi uma fase onde, guardadas as devidas proporções, depois dos três anos que passei, o que vivenciei no Paysandu é o que Neymar vivencia no Brasil. Eu não podia ir no shopping, no mercado, não podia sair de casa. Foram sete títulos consecutivos que deu o acesso à Copa dos Campeões, fomos campeões em cima do Cruzeiro, fomos para Libertadores, fizemos a campanha que o Paysandu fez, ganhamos do Boca na La Bombonera. E tudo que eu convivi lá, fazendo gols em quase todas as finais, contra o Remo, fazendo gol na final do Brasileiro (Série B), tive uma participação muito especial.
Boteco – Como foi a vitória contra o Boca?
Gino – Quando chegamos na Argentina, os caras achavam que ia ser 12 a 0. Na verdade se você pegar o vídeo para ver, era pra ser mesmo, 12 a 1. Porque a bola batia em tudo quanto é lugar. Mas pô, Tevez, Delgado, Schelotto.
Boteco – Como era o Tevez?
Gino – Light, nunca vi um cara apanhar tanto e não abrir a boca. Veio falar um pouquinho quando esteve no Corinthians.
Boteco – Você chegou a dar uma pegada nele?
Gino – A gente tentava (risos). Foi difícil achar.
Boteco – Eles são muito provocadores?
Gino – Não, até tranquilo, cara. Nós achávamos que ia ser até pior. Existe uma pressão da torcida que canta. Eles trataram tão bem a gente, mas tão bem a gente, porque eles imaginaram que seria 12 a 0. Quando nós desembarcamos, a imprensa falava que ia ser 12 a 0. O Boca nunca cedia a La Bombonera para ninguém treinar, para gente eles cederam, fizemos um passeio no museu, fomos conhecer as estruturas.
Boteco – Trataram como coitadinhos?
Gino – Na verdade foi isso mesmo, trataram como coitadinhos. E nós tivemos uma postura lá bem defensiva, campo pequeno, facilitou nosso trabalho. E a gente tinha um ataque muito rápido, porém nós perdemos nosso volante, o Wanderson, e o Robgol com menos de 20 minutos, expulsos. O Robgol ainda levou um, né? O Wanderson não, ficamos com um a menos. Mesmo assim a gente tinha o Vélber e o Iarley que dava para puxar contra-ataque. Então nós sofremos, mas estava bem postadinho. Foi maravilhoso.
Boteco – Sua idolatria foi maior que no Corinthians, onde foi revelado?
Gino – Sem dúvida, depois de 10 anos do título do Brasileiro, que deu a Copa dos Campeões e fomos para Libertadores, eu fui homenageado em Belém. Fui na quarta, era para voltar quinta, passou para sexta, para sábado, para domingo. Minha mulher falou: “se você não vier hoje, não vem mais” (risos). Cada dia era uma bagunça diferente.
Boteco – Gino volta no último capítulo de seu bate-papo para abordar curiosidades das amizades com Neto e Edmundo.