No segundo capítulo de seu bate-papo no Boteco, o ex-zagueiro Gino, hoje no máster do Corinthians, relembra a relação com o primo Silvinho, ex-Mogi Mirim, e recorda a chegada de Rivaldo, Válber e Leto no Timão.
Boteco – Como foi a chegada de Rivaldo, Válber e Leto?
Gino – – Esses caras são muito engraçados. Chegaram num pacotão. E o mais engraçado era o Admilson, ele foi no bolo. Os caras queriam o Válber, Leto e Rivaldo e acabou que o Admilson tinha feito um baita de um campeonato no Mogi e falaram: “ele vem junto”. Era muito engraçado. Eles não sabiam nada, nem falar. Esses dias eu tava com o Leto: “lembra o primeiro dia que você andou de carro em São Paulo?”. Eu levei esses caras pra Mizuno pra buscar chuteira, logo que chegaram, eu tinha muita amizade na Mizuno, eles davam material para todo mundo. Eu tinha um Fusca cinza, na época o Viola tinha o azulzinho, tudo que o Viola colocava no Fusca, eu punha no outro. Eu coloquei eles no Fusca. Imagina o Rivaldo com aquelas pernonas compridas, imagina, tudo dentro do meu Fusca, voltamos com o Fusca abarrotado. Lembro que fomos eliminados pelo Vitória. Teve uma falta no meio da rua, Ronaldo mandou abrir, Roberto Cavalo deu um bico, bola entrou na gaveta. Fez uma curva. Saiu outra falta em seguida, meio da rua, ele mandou cinco pra barreira (risos).
Boteco – Nos treinos, vocês imaginavam que o Rivaldo teria mais sucesso que Leto e Válber?
Gino – Eu imaginava que seria o Válber, era muito técnico, serelepe, rapidinho. E pela velocidade o Leto. Mas o Rivaldo conquistou o espaço muito mais rápido. Pena que quando acabou o contrato, ninguém imaginava que ele fosse pro Palmeiras. Leto jogou pouco, quem mais deu sequência foi Válber. Admilson pouco jogou.
Boteco – Como era sua convivência com o Silvinho?
Gino – Então, na verdade, antes de eu sentir a emoção de ser 100% corintiano, eu fui torcedor do Mogi, porque eu cresci vendo o Silvio, aprendi a gostar do Mogi por causa do Silvio. Aquela ascensão do Mogi que veio da Terceira para Segunda, Primeira. Eu fui em todos os jogos, Pacaembu, Parque Antártica, debaixo de sol, chuva, então era vidrado em assistir jogo do Silvio. Andava aquela avenida Pacaembu e esperava o ônibus do Mogi passar para assistir os jogos. Então eu não via a hora do Mogi vir a São Paulo para ter o contato com ele, pegar uma camisa do Mogi, foi uma referência muito positiva. Então as oportunidades que eu tinha de ir para São Simão, eu não via a hora dele estar de férias, ele parava a cidade. Silvio gostava de violão, sanfona, fazer serenata pela cidade, alegrava a família, bagunça era com ele. Fora os companheiros que apareciam lá, Oscarzinho, Osmarzinho, passei a admirar esses caras.
Boteco – Qual foi seu jogo inesquecível pelo Corinthians?
Gino – Minha estreia foi muito legal. Na verdade, eu tive duas estreias. Corinthians x Santos em 93, no Pacaembu, perdemos de 1 a 0, gol do Guga e eu marquei homem a homem o hoje treinador Cuca. Ele não podia me ver. Acho que ele falava assim: “esse moleque não é possível que vai conseguir correr atrás de mim”. O Cuca não pegou na bola. Depois sai emprestado, retornei no final de 95. Aí eu fui reestrear Corinthians e Flamengo, em Manaus. O ataque do Flamengo era muito “ruim”, Sávio, Bebeto e Romário (risos). O jogo foi 2 a 2 e eu tenho gravado até hoje, era em vídeo-cassete, eu passei pra DVD. Partida fantástica minha.
Boteco – Gino volta para relembrar como virou ídolo do Paysandu e curiosidades da histórica vitória sobre o Boca Junior, de Tevez, na La Bombonera, pela Libertadores.