sábado, novembro 23, 2024
INICIAL☆ Capa EsporteGoleiro Lira recorda dois “títulos” inesquecíveis

Goleiro Lira recorda dois “títulos” inesquecíveis

No último capítulo de suas histórias, o goleiro Lira revela dois episódios especiais que o sensibilizaram e conta uma história divertida envolvendo um massagista do Mirante.
Boteco – Alguma história de vestiário?
Lira – No Mirante.  O massagista nosso era o Cabeça. E chegava antes do jogo, não falta um jogador que não gosta de passar uma pomada, de massagem. “Cabeça, vamos fazer massagem”. “Não, não pego em perna de homem, não”. Aí o Fernando meia tomou uma pancada perto da virilha. O Cabeça foi lá atender. Aí o Fernando: “pegou aqui”. Aí o cara me joga o éter na virilha e no s… do Fernando (risos). Falar pra você, nunca vi levantar tão rápido. Levantou na hora. Cabeça é figura, o que a gente deu risada. Ele corria pra atender, esquecia a bolsa de massagem, era uma piada.
Boteco – Outras histórias no Amador?
Lira – Você ver um cara feliz não tem preço. Esse ano teve a final Tucura x Milennium e tem coisas que acontecem que é melhor que ganhar um título no meu ponto de vista. Cesinha Molina (do Milennium) machucou, virou o joelho, e aí subiu lá em cima pra entrar no bar. E eu parei o carro. Outro rapaz levou o Cesinha, desceu e o filhinho dele tava chorando, Riquelme chama o filhinho. Eu cheguei: “oh, Riquelme, o que você tá chorando?”. “Meu pai, meu pai não ganhou a medalha de ouro, não tem medalha”. E eu dei minha medalha pra ele: “olha Riquelme, tá aqui a medalha, guarda pra você”. O Cesinha ganhou o campeonato naquela hora. Porque ele falou: “Não, não é pra mim. É pro meu pai”. Foi lá colocou a medalha no pescoço do pai dele e deu um abraço que, sem comentários.
Boteco – E o Cesinha?
Lira – Cesinha se emocionou. Falei pro Cesinha: “Você acabou de ganhar um título, isso não tem preço, dinheiro que pague”. “Depois eu devolvo a medalha”. “Não, guarda, essa medalha, é sua, dei pro seu filho”. Tem coisas que você ganha muito mais em gestos do que um título. O que esse moleque fez, valoriza. Pra mim eu ganhei o segundo título vendo aquilo. Tem coisas que no futebol que valem a pena. Fui campeão com o grupo, não é a medalha que vai me tirar o mérito, um simples gesto ganhei outro campeonato. Graças a Deus na final do salão também aconteceu uma coisa que foi de quebrar. A gente jogou a final e fomos campeões. Aí veio um moleque e pediu pra tirar foto comigo, eu não conhecia, ele todo feliz, eu nunca vi o moleque na minha frente. “Vamos tirar foto”. Tirei foto com ele, tudo. Uma criança. Ele: “nossa, estava torcendo pra vocês”. “Obrigado, legal, obrigadão por você ter torcido pra nós”. Aí eu tirei minha medalha e dei pra ele. “Guarda para você, de coração, pode ficar”. Aí esse moleque… Eu fico até meio assim porque é meio difícil falar. Ele falou: “até que enfim estou tendo um dia feliz”. “É, por quê?”. “Perdi meu pai, esses dias, até que enfim estou tendo um dia feliz”. Eu falei: “putz, nossa”. Aí quebrou, eu fiquei sem palavras porque eu perdi meu pai, eu sei a dor que é, pra mim foi meio duro na hora. “Ergue a cabeça, seu pai não vai querer que você fique triste, leve as coisas que seu pai te ensinou no coração e vive a vida, que seu pai quer você feliz. Garanto pra você que ele está feliz lá”. Aí ele: “nossa, brigadão”. E o moleque amoroso, me abraçava. Aí veio um parente dele: “morreu o pai dele, você não sabe o que você fez pra esse moleque dando essa medalha, eu te agradeço”. “Não, pelo amor de Deus. A medalha é dele, não tem nem o que falar”. É o que eu falo pra você. A gente está jogando uma final, mas a gente não se dá conta dos pequenos detalhes que estão ali por nós. Aquele moleque eu ganhei outro campeonato ali, você fazer um moleque feliz igual o filho do Cesinha, aquilo sim vale título.
Boteco – Valeu, Lira!

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