Campeão amador pela Tucurense, o goleiro Lira aborda as fórmulas misteriosas do massagista Dinho e relembra o dia em que passou apuros em uma confusão na cidade de Itapira.
Boteco – Muitas histórias no futebol amador?
Lira – No Tucura, uma história bacana que a gente riu muito. O Dinho, massagista, figuraça, pé-quente, é cheio de fazer uns cremes para passar antes do jogo nos jogadores para aquecer. Aí ele fez um, não sei da onde arrumou.
Boteco – Ele mesmo cria?
Lira – Ele pega pomada daqui, pomada dali, faz uma fórmula. Aí ele fez um óleo. Chegou lá e falou: “oh, gente. Hoje eu estou com um óleo bom aqui”.
Boteco – Geralmente em jogos importantes?
Lira – Era mata-mata, 2007, quando a gente saiu na semifinal contra a Vila Dias. Ele fez e começou a passar nos jogadores. O cara conseguiu fazer uma fórmula de depilar, porque queimou tudo, saiu tudo, depilou tudo quanto é nego.
Boteco – Passou em vários?
Lira – Em uns quatro, cinco. Saía tudo, do jeito que ia passando. Pegando fogo na perna do povo. Vestiário veio abaixo, a gente ria demais. Ele descobriu a fórmula da depilação, pena que ele não sabia fazer de novo para vender para a mulherada (risos). Foi hilário.
Boteco – Pessoal ficou bravo com ele?
Lira – Mas que jeito ficar bravo com o Dinho? Não tem como. Todo mundo ria, mas teve nego que foi para baixo do chuveiro arrancar o óleo, absurdo, uma depilação fera.
Boteco – Mas atrapalhou o time, deu azar?
Lira – Não atrapalhou, mas foi um fato curioso, ele até parou de fazer fórmulas. Eu não vi mais. Era um barato, ele chegava com umas pomadas lá muito doidas e funcionava, era quente, aquecia mesmo. Mas vai saber o que ele colocava lá.
Boteco – Outras histórias na Tucurense?
Lira – A gente jogava com o Tucura de sábado e fomos jogar em Itapira. Estava no primeiro tempo. E dois jogadores do time de Itapira discutindo. E discute daqui, dali, de repente um veio e deu um soco no outro. O cara que tomou o soco, levantou, entrou em um Fusquinha e saiu cantando o pneu. Nisso a gente continuou, entrou outro cara no lugar. Acabou o primeiro tempo. Viramos o lado. Era um campo fechado e só tem uma saída. Daqui a pouco o Fusquinha vem rasgando de novo. Barulheira do Fusquinha vindo. Todo mundo olhando e o jogo comendo solto. Esse cara me entra armado, dando tiro para todo lado. Foi um tal de nego dar mergulho pro chão, foi sacanagem, cara. O Bombarda deu um pique que falar pra você, pensei que ia enfartar o homem. Bombarda parecia o Bolt correndo na hora dos tiros.
Boteco – Os dois times deitaram?
Lira – Todo mundo. E o engraçado é que os caras me zoavam para caramba, porque o cara veio correndo em direção minha. E os caras: “levanta”! E o cara: pá. E eu rolava pro chão. “Você é louco”. Eles falavam: “sai daí”. E o cara vindo em minha direção. Foi trash.
Boteco – E conseguiu acertar o cara?
Lira – Graças a Deus não. O cara parecia o Homem-Aranha, pulou, conseguiu fugir. Todo mundo foi embora de uniforme, de chuteira, acabou o jogo ali na hora. A gente ri para caramba até hoje. Na hora foi um susto. Rapaz saiu quietinho, tomou o soco, mas depois… Parecia rojão, pá, pá, pá. Mas futebol é gostoso demais, momentos bons e tristes, isso que a gente apaixona e vive tanto o futebol.
Boteco – Lira retorna para relembrar outro episódio inusitado em uma guerra campal e abordar a estratégia para ser um bom defensor de pênaltis.