Parece que assistimos todos os dias à mesma novela. De um lado o Ministro da Fazenda discutindo com o Ministro do Planejamento para ver quem tem mais poder na condução do sistema econômico e de outro lado a política fragilizada de um governo que faz uso das pedaladas clássicas ou da contabilidade criativa para reduzir gastos que vão atingir alguns projetos sociais. Lembrando que os projetos sociais foram a prioridade da campanha da atual presidência.
Infelizmente com o déficit primário estabelecido no orçamento – o que para a população é a mesma coisa que dizer que não terá dinheiro para arcar com todos os gastos, só que com uma diferença primária – as pessoas apertam os cintos e reduzem gastos, ou ainda procuram outras alternativas de renda produtiva para sobreviver.
O problema é que o governo somente pensa em taxar a todos de maneira direta e indireta. O objetivo é manter a mesma estrutura de gastos e ainda com risco de serem majorados por inércia da própria política, aumentando o gasto público e estabelecendo metas impossíveis para as empresas, que agonizam com seu fluxo de caixa cada vez mais difícil e com o aumento dos juros sobre os empréstimos.
Pensar em alternativas de redução de cargos comissionados e corte de ministérios parece ser mais difícil do que aumentar tributos e cada vez arrecadar menos em virtude do encerramento das atividades das empresas ou da redução de investimentos dos empresários no setor produtivo. Para muitos, o mercado financeiro acaba sendo a saída natural para remunerar o capital investido do que colocar em risco o dinheiro e ver seus investimentos saírem pelo ralo.
O que o governo e sua equipe vêm fazendo é jogar com a população e empresários o aumento de tributos e testar a paciência de todos. Se existem críticas por parte dos empresários e da população, o governo volta atrás e fala que a ação não é dele, mas sim de sua equipe, para não dilapidar ainda mais sua imagem desgastada por falta de transparência e problemas econômicos que foram mergulhados em uma política socialista sem alicerces. Uma situação que fica difícil de ser revertida em virtude de compromissos políticos.
O déficit orçamentário é ainda maior do que o que foi apresentado. Os R$ 30,5 bilhões não abarcam o compromisso de pagar os juros da dívida pública – o que será um desafio para os próximos anos. Enquanto o governo mantiver a política do “morde e assopra” não resolverá os problemas pontuais que cercam a política econômica e enfraquecerá seu ministro. Além disso, corremos o risco de ver a nota do Brasil ser rebaixada pelos Institutos de Avaliação de Risco, encarecendo mais ainda os empréstimos.
Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM)