A greve dos coletores de lixo completa nove dias hoje e ainda não há previsão para que os serviços sejam normalizados. As negociações, mediadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), não tiveram avanço e a paralisação continua por tempo indeterminado.
Segundo o Siemaco, sindicato da categoria, não houve aumento no número de adesões; 30% dos garis de Mogi Mirim estão parados. Por outro lado, a Construrban afirmou que ainda cumpre a liminar da Justiça, mantendo 70% dos funcionários nas ruas. Caso descumpra essa determinação, a empresa pode receber uma multa diária no valor de R$ 100 mil.
Na área central, o serviço continua sendo feito diariamente. Mas, nos bairros, a coleta, antes feita três vezes por semana, agora só acontece duas vezes. Com o acúmulo de lixo pelas ruas e calçadas da cidade, a população enfrenta uma situação complicada.
“Quarta-feira passada foi o último dia que o caminhão passou aqui na rua. O pior é o cheiro ruim. Nem estou colocando mais o lixo para fora”, relatou uma moradora da Vila Bordignon, no bairro Santa Cruz, que preferiu não ser identificada.
No mesmo bairro, o proprietário de uma padaria também reclama do atraso e comenta que corre o risco de levar uma multa, já que o lixo está na calçada do estabelecimento há uma semana. “Não posso estocá-lo aqui dentro porque é uma recomendação da Vigilância Sanitária. Aí eu coloco na rua e o lixeiro não passa”, argumentou Ângelo Toledo.
A dona de casa, Florisa Amélia Polettini, contou que o jeito foi levar o lixo até uma das caçambas instaladas pela Prefeitura em frente à Guarda Municipal. Na Vila Bianchi, os resíduos domésticos dividiam o espaço das calçadas com móveis velhos e entulhos. Na esquina da Rua Expedicionários com a João Poletini, a reportagem também flagrou muita sujeira. Sacos de lixo domiciliar, caixas de papelão, potes de vidros, plásticos e até galhos de árvores foram encontrados no local.
O aposentado Orlando Bizigato mora bem em frente à esquina e há um mês se depara com o mesmo cenário. Ele teme o acúmulo de lixo porque é um dos principais fatores que contribuem para a proliferação do mosquito transmissor da dengue. “Todo mundo coloca o lixo ali e acaba parando água”, argumentou Bizigato.
Relembre
Os coletores resolveram paralisar as atividades no dia 24 de março. Eles reivindicam um aumento salarial de 12,5%, porém as empresas não abrem mão da proposta em reajustar os salários em 7,5% – valor que corresponde à inflação acumulada no período. A paralisação é uma campanha dos funcionários que acontece a nível estadual. Reuniões entre o sindicato patronal e o sindicato base dos funcionários da categoria ainda estão sendo realizadas.
De acordo com o sindicato da categoria, os coletores contratados pela Construrban pedem a equiparação de salários com o valor pago em São Caetano do Sul, onde a mesma empresa opera o sistema de coleta de lixo. Os garis recebem R$ 874 mensais, mais adicionais de insalubridade e horas extras. Já em São Caetano, o salário é 20% maior.
Explica
Para minimizar os efeitos da greve, a Prefeitura começou adotar medidas paliativas, embora tenha afirmado que a coleta ainda é feita gradativamente nos bairros. Na última sexta-feira, caçambas começaram a ser disponibilizadas em cinco pontos da cidade para receber os resíduos domésticos levados pela população.
Também foi firmado um acordo com os caçambeiros para que realizem o transbordo e a Construrban se encarregue de encaminhar ao aterro. Segundo a Prefeitura, a Secretaria de Negócios Jurídicos ainda está elaborando notificação à Construrban e deverá comunicar o TRT sobre o descumprimento da liminar. A Administração Municipal ainda declarou que está cumprindo todas as suas obrigações contratuais e que não pode interferir nas negociações salariais.
Quanto à coleta de galhos e entulhos, disse que é realizada por uma equipe específica e lembrou que os materiais não devem ultrapassar o volume de meio metro cúbico, conforme prevê a Lei Municipal sob pena de multa.
Pontos onde as caçambas estão localizadas:
Santa Cruz (próximo à Guarda Municipal);
Rotatória próxima à Rua Antônio Brandão, no Jardim Bicentenário;
Rua Ariovaldo Silveira Franco (próximo à rotatória da Etec Pedro Ferreira Alves);
Praça Chico Mendes (zona Leste);
Praça Comandante José Antônio Moreno (próximo à Emeb Professor Alfredo Bérgamo e ao Núcleo Integrado de Ações Sociais (NIAS).
