A greve dos professores da rede estadual de ensino começa a ganhar mais força em Mogi Mirim. Segundo a Apeoesp, sindicato da categoria, a adesão ao movimento no município subiu de 1% para 20% em três semanas. Dos 460 professores que atuam nas escolas estaduais do município, 63 estão fora das salas de aula.
O comando de greve vem intensificando as visitas às unidades de Mogi Guaçu, Itapira, Santo Antônio de Posse, Artur Nogueira, Engenheiro Coelho e Estiva Gerbi. Durante a manhã e noite de segunda-feira, representantes do sindicato, professores e alunos se concentraram em frente à Escola Estadual Monsenhor Nora para mobilizar demais profissionais e pedir apoio à causa. “A perspectiva é que esse número ainda aumente na região. O comando vai continuar percorrendo as escolas. Enquanto não houver negociação, a gente continua parado”, disse o presidente da sub-sede da Apeoesp em Mogi Mirim, Ricardo Augusto Botaro.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado informou que não pode pactuar com o movimento que tem incitado os pais a não levarem seus filhos às unidades escolares para inflar a paralisação e ainda apontou que o índice de comparecimento permanece em 92%, o que mostra que a ampla maioria dos docentes está comprometida com as atividades escolares e pedagógicas.
Reivindicações
Os professores pedem a melhoria das condições de vida e trabalho, aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior, jornada de 20 horas semanais de trabalho, imediato desmembramento das salas superlotadas, máximo de 25 alunos por sala desde o primeiro ciclo do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, nova forma de contratação de professores temporários, com garantia de direitos e aumento no valor do vale alimentação e do vale transporte. A política de bonificação e a bonificação por resultado são outros dois pontos que também estão na pauta da categoria.
“Nós não temos condições de trabalho, um salário digno e ainda falta segurança”, afirmou o professor de matemática da escola Monsenhor Nora, Paulo Zerbinatti. Eles também criticam a estratificação das categorias e pedem o fim da “duzentena” para os professores temporários. “Não existe isso. Um profissional trabalhar por dois anos e depois ficar 200 dias em casa só porque o governo não quer criar vínculo empregatício”, argumentou a professora Márcia Eliza Marangoni Lopes.
A lei da “duzentena” determina que o temporário deve aguardar 200 dias para ser novamente contratado a fim de não atrapalhar o andamento dos concursos públicos.
Mobilização
Na última segunda-feira, em reunião com a diretoria da Apeoesp, o secretário da Educação, Herman Voorwald, não apresentou nenhuma proposta salarial à categoria. Também não houve avanços nos demais pontos da pauta de reivindicações, uma vez que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não abriu negociação.
Hoje, a Assembleia Legislativa realiza uma audiência pública para que os deputados, integrantes da Comissão de Educação, possam ouvir as reivindicações da categoria. Amanhã, a partir das 14h, um grupo de professores da região se reúne novamente para mais um protesto pacífico, no Espaço Cidadão, de onde segue em passeata, com faixas e cartazes, até as dependências da Diretoria Regional de Ensino, localizada na Avenida Santo Antônio. Durante o trajeto, um carro de som ainda deve acompanhar o grupo pelas ruas centrais.
No mesmo dia, está previsto o fechamento de estradas e rodovias. A ação, organizada pelas subsedes, será simultânea em todo o Estado de São Paulo. A próxima assembleia da categoria está marcada para sexta-feira, às 14h, no Palácio dos Bandeirantes.