sábado, novembro 23, 2024
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Grupo da FEEC cria dispositivo de medição da temperatura corporal

Um dispositivo que permite aferir a temperatura corporal foi criado por um grupo da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp e já está funcionando na portaria da faculdade.

O protótipo, que alerta a comunidade acadêmica sobre um possível estado de febre, um dos sintomas mais comuns da Covid-19, foi desenvolvido pelo professor da FEEC, Leandro Tiago Manera, e pelos alunos e ex-alunos Sérgio Olivo, Alexandre Burche e Acaiene Cardoso Dourado.

O sistema tem como vantagem o fato de dispensar uma pessoa para medir a temperatura, gerando mais segurança no processo. Além disso, o custo de produção foi pelo menos dez vezes menor que similares disponíveis no mercado.

O professor Leandro explicou que o dispositivo utiliza uma câmera, com uma matriz de 160×120 sensores, de alta sensibilidade, que mede a radiação infravermelha das pessoas. Quando a temperatura aferida está abaixo de 37,5º, a tela exibe uma mensagem de “ok”. Caso esteja acima, a mensagem é “não ok”.

A própria pessoa que passar pelo dispositivo verá no monitor a mensagem e, em caso de febre, é orientada a procurar atendimento. “O princípio é quase o mesmo desses medidores comuns usados para medir a temperatura na testa e no braço. Mas o que estamos usando é como se fosse uma câmera de imagem que mede a radiação infravermelha da pele. Estamos usando uma matriz de muito mais pontos para medição de temperatura”, elucida.

Por dispensar uma pessoa manuseando o equipamento, o processo de medição também é mais seguro. “É um sistema autônomo, então evita que uma pessoa esteja com um termômetro medindo a temperatura de todas as pessoas que estão passando ali, o que talvez seja até uma forma de propagação da doença. A pessoa passa na frente da câmara e já tem o resultado ali em cinco segundos. É uma vantagem em relação ao termômetro”, diz o professor.

Após o teste do protótipo, que já está em funcionamento na FEEC, a ideia é que o dispositivo possa também ser desenvolvido para outras unidades da Unicamp. Uma patente da tecnologia, que havia sido criada em 2019 com o fim de diagnóstico de doenças em animais, está depositada na Agência de Inovação da Universidade, a Inova.

Diagnósticos
A medição de temperatura, embora seja importante para o controle da Covid-19, não é ponto final do projeto, conforme explica Sérgio Olivo, que também atuou na criação do dispositivo. Em um período de tempo suficiente para criar um banco robusto de imagens, a ideia é realizar, através da Inteligência Artificial (IA), diagnósticos da infecção de garganta, que é um dos sintomas comuns da Covid-19.

“Nas fases seguintes, usando esses dados que estamos coletando agora, esperamos que venham a compor uma base de dados e para que a gente possa depois alimentar algoritmos de IA para começar a fazer análises em duas frentes: identificação se a pessoa está com temperatura acima ou abaixo do normal e avaliação da garganta da pessoa. Esse protótipo que temos hoje é um mecanismo e um passo para chegar lá”, explicou.

O diretor da FEEC, José Alexandre Diniz, comenta que, além da medição da temperatura, está sendo desenvolvido na Faculdade um aplicativo que poderá monitorar a circulação de pessoas no interior do prédio. Ajudar a rastrear contatos, em caso de ocorrência de infecção, é o objetivo. Além disso, um totem que dispensa o álcool gel automaticamente, sem necessidade de acioná-lo com o pé ou com a mão, também foi elaborado e colocado na portaria principal da FEEC, que no momento é a única porta de entrada do prédio.

“A ideia de ter esses mecanismos para poder controlar a infecção dentro da unidade é muito importante. Precisamos utilizar a tecnologia que nós temos e que é feita no nosso grupo”, avalia Diniz.

Além disso, ele também aponta que outros projetos da FEEC vêm sendo conduzidos no sentido de ajudar no controle da pandemia. O método que utiliza Inteligência Artificial para ajudar em diagnósticos de Covid-19 através de imagens de raio X e tomografias de pulmões, realizado pela professora Letícia Rittner e pelo professor Roberto Lotufo; a impressão 3D de máscaras face shields, reparos e fabricação de peças para aparelhos indispensáveis para os hospitais, como monitores e respiradores são alguns exemplos.

“Toda a tentativa de utilizar o que já temos de tecnologia mexeu com a nossa criatividade nesse momento de pandemia quando, mesmo isolados, temos buscado alternativas para poder melhorar e ampliar a detecção do vírus. A universidade precisa dar soluções para a sociedade e nesse sentido estamos atuando”, afirma o diretor.

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