As empresas AD Sports, de origem sul-coreana, e J Winners, parceiras do empresário sul-coreano Mário Choi e do jogador Diego Silva, responsáveis pela gestão de futebol do Mogi Mirim, pretendem servir como condutores de um procedimento para cadastrar e recadastrar associados no clube para promover uma eleição visando eleger uma nova diretoria. O grupo conta ter afixado no mural do clube, em 25 de janeiro, uma convocação a todos os interessados para se cadastrarem e pretendem divulgar na imprensa para buscar adesões. A ideia é que seja um cadastramento permanente. O tema foi abordado com a imprensa em entrevista nesta quinta-feira, no Estádio Vail Chaves.
O grupo entende que o presidente Luiz Oliveira abandonou o clube e, assim, não pode ser considerado presidente. Luiz assinou um contrato de terceirização do futebol com o grupo válido por 5 anos, mas as partes se desentenderam e o dirigente tenta anular o acordo na Justiça, que, no posicionamento atual, ainda sem sentença, está favorável aos investidores.
Partindo do entendimento do grupo de que hoje não existe presidência, embora a chapa de Luiz esteja registrada no cartório e reconhecida pela Justiça, a empresa irá chamar os interessados a se cadastrar para que seja eleita uma diretoria e, assim, o clube consiga disputar campeonatos. Isso porque, embora gestores, para participação em campeonatos oficiais, é necessária a assinatura da presidência.
“Sabe aquela pessoa que te dá o carro e leva a chave, a gente não sabe o que fazer com o clube. O Mogi Mirim atualmente não tem ninguém”, coloca o advogado da AD Sports e J Winners, o sul-coreano Marcos Lee, fazendo um apelo. “Que essas pessoas possam entrar no pleito e que se torne qualquer um deles o presidente. Se só ficar o seo Luiz Henrique para ser eleito é decisão da cidade”, afirma, garantindo que o grupo não tem interesse no patrimônio do clube.
Questionado sobre oposicionistas à gestão Luiz que se consideram associados já terem promovido uma assembleia de destituição do dirigente e eleito uma nova diretoria, mas que espera a legitimação na Justiça, Lee aponta que houve falhas burocráticas do grupo na tentativa em questões referentes ao estatuto. Lee coloca que a lista de assembleia da eleição tem que ser compatível com a ficha cadastral de sócios e apresentada conjuntamente ao cartório para registro.
Lee estima sucesso na destituição, com eleição de uma nova diretoria, se forem seguidos os trâmites corretos e se coloca à disposição para colaborar. Além disso, considera que o abandono de Luiz serve como argumento adicional. O grupo garante ter provas e testemunhas do abandono, de mais de 8 meses.
Luiz mantém uma postura de não falar com O POPULAR, mas o jornal buscou contato com o dirigente para ouvi-lo sobre as declarações do grupo, sem sucesso. A reportagem também procurou o empresário Rogério Manera, que foi o presidente eleito em eleição da ala opositora logo após a considerada destituição de Luiz. Manera disse que não se pronunciaria, pois o grupo coreano não tem legitimidade alguma para cadastrar sócios.
Pedido de oposição para reconhecer destituição aguarda sentença
Em setembro de 2017, opositores ao presidente do Mogi Mirim, Luiz Oliveira, entraram com uma ação pedindo o reconhecimento da Justiça à destituição do dirigente feita em assembleia geral promovida por um grupo de pessoas que se consideram sócias. Em novembro de 2017, a juíza Maria Raquel Campos Pinto Tilkian Neves negou uma liminar para atender aos anseios dos opositores considerando que, por ora, não estava comprovada a condição de associados dos autores da ação.
Isso porque somente na condição de sócios poderiam convocar assembleia. Em maio de 2018, houve uma tentativa de conciliação entre os autores e Luiz, sem acordo. A juíza ainda não emitiu a sentença. Neste processo, autores anexaram fichas de filiação ao clube, que deram origem a um inquérito policial, pois Luiz acusa serem falsas. Os autores garantem ser associados.
Na visão do advogado do grupo gestor do futebol, Marcos Lee, o primeiro passo para que uma ação de destituição e eleição de diretoria tenha sucesso é providenciar o cadastro atualizado da ficha cadastral de associados, em que cada associado tenha sua ficha. Como considera que o clube está sem diretoria, inicialmente, os sócios seriam não pagantes. Em seguida, uma diretoria provisória seria formada e uma comissão de eleição organizaria o pleito e destituiria Luiz.
“Passei 20 anos cuidando de estatuto e sociedade. Sei muito bem o que está acontecendo. O problema é que tanto Luiz como o outro simplesmente convocaram assembleia, montaram a chapa e fizeram”, afirma Lee, frisando que, antes da montagem da chapa, deveria constar informações cadastrais dos candidatos e apontando que todos são sócios há mais de três meses.
Para Lee, o correto é destituir, além de Luiz, a diretoria eleita pelos opositores. “Ninguém aparece aqui. O clube está abandonado pela oposição e situação. Ninguém vem aqui”, aponta o proprietário da J Winners, que atua em cinco países e comanda um clube em Portugal, Jaime Conceição.
Depois da eleição, Lee acredita no sucesso do registro da ata em cartório e, caso não seja aceito, garante ter argumentos necessários para a validação da eleição na Justiça. O Mogi Mirim tem eleições previstas para novembro. Porém, Lee afirma ser possível antecipá-la.
O intuito manifestado pelo grupo é colaborar com assessoria jurídica aos interessados nas etapas para destituir Luiz e eleger uma diretoria. Lee revela que nenhum dos gestores da empresa se tornará sócio ou participará da diretoria para evitar conflitos de interesse. Jaime Conceição pede ajuda da torcida. “Não só a torcida que gosta de futebol, mas você que é morador de Mogi Mirim, que sempre usou o clube como referência para dizer onde é sua cidade, você precisa nos ajudar”, clamou.
Lee não vê fim do clube como fim do futebol em Mogi
O advogado do grupo gestor Marcos Lee aponta que se o Mogi Mirim Esporte Clube for dissolvido, como consequência da atual crise, o grupo mantém o interesse no município com uma possível criação de um novo clube, iniciando do zero para um novo Mogi Mirim. Neste sentido, admite que uma eventual transferência do Estádio Vail Chaves para o Poder Público seria até positiva, pois poderiam fazer uma parceria para utilizar o estádio para o novo clube. O intuito inicial, porém, é evitar o fim do Mogi Mirim Esporte Clube e fortalecê-lo. “Se puder (trabalhar o futebol) com a disposição do próprio clube Mogi Mirim, melhor ainda”, diz Lee.
Alvará está próximo, garante gestor da J Winners
O empresário Jaime Conceição, da J Winners, uma das empresas responsáveis pela gestão do futebol do Mogi Mirim, contou que o clube está próximo de obter o alvará para a desinterdição do Estádio Vail Chaves.
O grupo contou estar promovendo as adequações necessárias, com aquisição de equipamentos de segurança. O objetivo é conseguir a liberação para que os jogadores voltem ao alojamento e os treinos sejam retomados. Atualmente, o estádio está totalmente interditado pela Prefeitura. “Daqui poucos dias, o estádio estará liberado”, garante Jaime, que atua há cerca de um mês no clube.