sábado, novembro 23, 2024
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Guerra híbrida nas eleições

Por Marcelo Aith*

Guerra híbrida é uma estratégia militar que mescla táticas de guerra política, guerra convencional, guerra irregular e ciberguerra com outros métodos não ortodoxos, como a desinformação e a intervenção eleitoral externa (disparos em massa por robôs é um exemplo desse último).

A expressão guerra híbrida está presente em três obras contemporâneas que li entre o final do ano passado e o começo de 2022: “Geopolítica da Intervenção – A verdadeira história da Lava Jato”, de autoria do excelente criminalista Fernando Augusto Fernandes; “Minha especialidade é matar”, do filósofo Henry Bugalho; e “Enxame”, do jornalista e advogado Marcos Limão.

A “guerra híbrida” se desenvolve em duas etapas: a primeira, conhecida como “Revolução Colorida” e a segunda, denominada de “Guerra não convencional”.

O que importa e interliga os três livros citados acima é a primeira etapa, ou seja, a “Revolução Colorida”. O termo “colorida” tem a ver com a utilização de cores para notabilizar e simbolizar o movimento, como a utilização do verde e amarelo, entre 2015 e 2018, que resultou na eleição de Bolsonaro.

Marcos Limão aponta que a “Revolução Colorida” representa a “versão não violenta da intervenção militar e consubstancia-se na campanha informacional (ofensiva cognitiva) que visa desestabilizar a ordem política, colocando a população contra o governo e os centros de poder”.

A gênese da ruptura que resultou na eleição de Bolsonaro, um político do baixo clero, ligado ao regime militar e idólatra de torturadores, foi a “guerra híbrida” retratada com maestria no livro “Geopolítica da Intervenção”. A Lava Jato, comandada por Sérgio Moro e os meninos da procuradoria da república de Curitiba, utilizou a torto e a direito a desinformação, com o propósito firme de possibilitar a ruptura política.

Na obra “Minha especialidade é matar”, título extraído de uma fala de Bolsonaro, Henry Bugalho descreve com maestria o comportamento da extrema-direita brasileira. São criadas mensagens, como regra, com conteúdo falso ou deturpado, e disparadas nos milhares de grupos formados por pessoas cooptadas na internet e que comungam da mesma ideologia.

O poder do exército bolsonarista não pode ser subjugado, especialmente em um ano de eleições presidenciais, que caminham a passos largos para a derrota governista. Serão postas em prática táticas de guerra híbrida extremamente agressivas, muitas mentiras e destruição de reputações acontecerão.
Será que a justiça eleitoral estará preparada para coibir esses abusos? Teremos eleições limpas ou recheadas de fake news? Oxalá tenhamos um certame em que a democracia vença e o Brasil retome seu ciclo de crescimento e respeito internacional!

*Marcelo Aith é advogado em Direito Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa (IDP)

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