
O homem de 46 anos preso em flagrante, na manhã de terça-feira, acusado de armazenar conteúdo de pornografia infantil no computador que usava em sua casa, é Gilson Cardoso. Outras 20 pessoas foram presas nos municípios de Piracicaba, Leme, Rio Claro, Amparo, Pedreira, Descalvado, Pirassununga, Araras, Limeira, Monte Mor, Santa Bárbara d’Oeste, Hortolândia, Campinas e Elias Fausto.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, a operação “Anjos da Guarda”, que tem o objetivo de combater a pornografia infantil, foi realizada em 15 municípios da região de Piracicaba e Sorocaba. Agentes do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 9) cumpriram 20 mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão para localizar equipamentos utilizados por suspeitos de pedofilia. As investigações tiveram início há cerca de dois meses.
A prisão de Cardoso foi executada pela Polícia Civil de São João da Boa Vista-SP. O mandado foi expedido pela 4ª Vara Criminal do Fórum de Piracicaba a partir de um inquérito instaurado pela polícia do município. A operação ocorreu por volta das 6h. O homem, que está desempregado, foi detido em sua própria residência, na Vila Santa Eliza, próximo ao bairro Pichatelli, na zona Sul da cidade. A reportagem apurou que ele era conhecido no meio dos escoteiros e também já foi professor de catequese.

Cardoso foi autuado pelo artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Conforme o artigo, é considerado crime, inclusive, o ato de “adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.” A pena pode chegar a quatro anos de prisão. Foram encontrados arquivos contendo menores em cenas íntimas entre si ou com homens adultos.
Segundo informações da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi Mirim, responsável pelo caso, ele não compartilhava o conteúdo. Os policiais apreenderam dois computadores, câmera digital, pendrives, HD externo, CDs e DVDs. Os equipamentos, que foram levados à DDM e lacrados, serão periciados. Cardoso foi levado à delegacia onde teve a voz de prisão confirmada. O desempregado foi conduzido à Unidade de Detenção, em Itapira, ainda na terça.
Caso gerou revolta entre escoteiros de Mogi Mirim
A prisão de Gilson Cardoso com material de pornografia infantil repercutiu e gerou revolta entre escoteiros da cidade em função da informação de que o preso é conhecido no meio do escotismo. Antes da revelação do nome, houve grande apreensão entre escoteiros para saber de quem se tratava e integrantes de grupos que tinham a informação do nome do preso frisaram o fato de o indivíduo não pertencer à União dos Escoteiros do Brasil (UEB).
Reclamações foram feitas ao jornal O POPULAR, pois escoteiros consideraram que a divulgação da informação gerou um mal-estar no meio e por ele não ser um integrante do escotismo. Embora não seja um escoteiro, Gilson Cardoso é pessoa conhecida no meio. Líder da Associação Ligada ao Estudo Regular da Terra e Ambiente (Alerta), Organização Não Governamental (ONG) de Mogi Mirim, Cardoso realizava atividades junto a escoteiros da região.
O homem participava e, inclusive, prestava colaboração a escoteiros em algumas atividades. Outro motivo que o tornou conhecido no meio foi o fato de diversas crianças que participaram do trabalho desenvolvido pelo indivíduo também terem pertencido simultaneamente a um grupo de escoteiros de Mogi Mirim. Um grupo de escoteiros da cidade chegou a funcionar próximo, em salas diferentes, mas no mesmo terreno de onde o indivíduo mantinha seu grupo.
A relação de Cardoso com integrantes do escotismo era tratada de forma aberta pelo indivíduo, sendo fato notório há anos, a ponto de publicar fotografias de atividades realizadas com um grupo de escoteiros de Mogi Guaçu em sua página da rede social no Facebook. (Diego Ortiz)
A diretoria do Grupo Escoteiro Encanto das Matas encaminhou ao O POPULAR, na tarde de quarta-feira, uma nota oficial a respeito do caso. Confira o texto, na íntegra, abaixo:
“O 197º GRUPO ESCOTEIRO ENCANTO DAS MATAS, com mais de 16 anos de existência vem, mui respeitosamente, esclarecer à imprensa local e à população mogimiriana acerca da matéria veiculada nos jornais a respeito de uma quadrilha que comandava uma rede de pedofilia no interior paulista, onde um dos pedófilos foi preso em Mogi Mirim, com alusão aos escoteiros locais.
O indivíduo em questão não faz e nunca fez parte do movimento escoteiro em nossa cidade, tão pouco do Grupo Encanto das Matas. Provavelmente o mesmo fazia parte de um outro tipo de organização que trabalha com crianças e jovens dentro de seu próprio programa educacional de formação, totalmente alheio ao escotismo fundamentado pela União dos Escoteiros do Brasil e praticado com responsabilidade pelos Grupo Escoteiro Encanto das Matas de Mogi Mirim.
A matéria divulgada em capa de jornal e amplamente divulgada nas redes sociais gerou um desconforto nos grupos escoteiros, assim como em todos os pais e/ou responsáveis por crianças e jovens inseridos no movimento escoteiro de Mogi Mirim.
Gostaríamos da veiculação por parte da imprensa local, esclarecendo que o fato em questão nada tem a ver com os adultos voluntários praticantes do movimento escoteiro de Mogi Mirim e reforçamos a todos que temos uma política rígida contra esse crime, que buscamos todas as medidas cabíveis para evitar que pessoas desta estirpe façam parte do movimento escoteiro e que nosso trabalho está alicerçado na busca da proteção e preservação de nossas crianças e jovens.
O Grupo Escoteiro Encanto das Matas se coloca à disposição para mais esclarecimento acerca do escotismo local, buscando esclarecer esse mal entendido, mostrando que nosso trabalho é serio e de imensa responsabilidade. Sem mais, agradecemos e contamos com a cordial colaboração desse conceituado jornal.”
*O teor da nota é de responsabilidade exclusiva do Grupo Escoteiro Encanto das Matas.