Em homenagem ao colecionador Guilherme Dovigo, falecido em dezembro, o Boteco reedita um bate-papo de 2014, quando Gui estava iniciando a coleção, vastamente ampliada em 4 anos.
Boteco – Como começou a ideia de colecionar?
Gui – Com uma camiseta do São Paulo que não servia mais pra mim. Resolvi vender. Anunciei no Mercado Livre e vendi no dia. Nisso, eu gostei de outra e comprei.
Boteco – Do São Paulo também?
Gui – Da França, do Henry, Copa de 2010. Aí ficou grande. Eu anunciei e vendi mais caro e pensei: “Eu posso ter a camisa que eu quero”. E comecei a procurar colecionadores, em sites, procurava camisas baratas. Eu pensava: não vou comprar uma camisa do ano, que hoje em média, oficial, é R$ 180 a R$ 200. Camisas usadas era um preço mais em conta, só que comecei a achar relíquias e comecei a gostar. Chegou uma época que cheguei a ter seis, sete. Aí começou a girar… Estou com mais de 107. Já vendi 90.
Boteco – Você compra, eles mandam pelo correio?
Gui – Pelo correio, Sedex ou PAC, que é mais em conta. Demora mais, se é com mais urgência, manda por Sedex. Compro do país inteiro, mandei até para fora do país.
Boteco – E depois daquela do Henry?
Gui – Depois dela, veio a camisa do Barcelona.
Boteco – A intenção era usar inicialmente?
Gui – As que servem eu uso, mas o mínimo, aquele total cuidado, e guardo. A maioria não é meu tamanho. Às vezes, num barzinho, por exemplo, com uma do Corinthians roxa, eu uso, eu era são-paulino, hoje não tenho restrição nenhuma.
Boteco – Não é mais são-paulino?
Gui – Não ligo mais. Hoje, uso a camisa que eu quiser.
Boteco – A coleção é mais por prazer ou visa lucro?
Gui – Meu intuito hoje não é dinheiro, porque a camisa que eu vendo, eu invisto em camisa. É viciante, você sentar na frente do computador, você quer tudo.
Boteco – Por quanto chega a vender uma camisa?
Gui – Eu cheguei a vender por R$ 400. Uma do São Paulo do Mundial de 2005, do Mineiro, de treino, mas estava escrito Mineiro em japonês.
Boteco – E a que você pagou mais caro?
Gui – Não pago caro, procuro barato para girar, quero ter mais, quero chegar ao ponto de ter umas 1 mil.
Boteco – Como se chega a essas camisas usadas por atletas?
Gui – As de jogo têm custo muito elevado, já vi de R$ 5 mil, R$ 10 mil. Difícil saber se o cara usou mesmo. Hoje já tenho uma noção de camisa que é de jogo. Tenho uma que um colecionador veio louco atrás de mim, que nunca achou uma dessas. Do Milan, Seedorf. O cara que me vendeu falou que o Seedorf jogou com ela. Agora, dizer se usou, como saber?
Boteco – Ele cobrou mais caro?
Gui – Não, era um cara que teve a camisa e nem colecionador era, encontrei em um site num anúncio.
Boteco – Usadas em jogo, qual mais você tem?
Gui – Do Zé Luís, São Caetano, deu para uma prima minha.
Boteco – Qual a mais antiga que você tem?
Gui – Eu tenho uma retrô da seleção de 70.
Boteco – Dessa época de 60, 70, consegue achar originais?
Gui – Consegue, mas é caríssimo. Coisa de R$ 3 mil, R$ 4 mil, quem vende, a maioria não vende.
Boteco – Qual seria sua seleção com base nas camisas?
Gui – Marcos, Cafu, Lúcio, Canavarro e Roberto Carlos; Ralf, Paulinho, Rivaldo e Zidane; Messi e Ronaldo. No banco, Rogério Ceni, Elias, Seedorf, Renato Gaúcho, Cristiano Ronaldo, Müller, Rooney, Drogba, Riquelme, Ronaldinho Gaúcho, Tevez, Marcelinho, Leonardo, Juninho.
Boteco – Valeu, Gui!