Entramos na última segunda-feira, 1º, no penúltimo mês do ano. E, desde 2011, ele é dedicado a nos relembrar sobre os cuidados do homem com a sua saúde. O “Novembro Azul” emenda com o “Outubro Rosa”, que mira a saúde da mulher. Ambos focam no câncer, seja o de mama, para elas, ou de próstata, para eles. São meses de combate.
De lutas que nem deveriam nos forçar a campanhas que remetem a esta importância. Afinal, cuidar da própria saúde é algo que parece tão simples, tão óbvio. Porém, bem sabemos. Não é assim. E é pior com os homens do que com as mulheres.
Oras, os homens são, historicamente, mais desleixados com os autocuidados que as mulheres. Além de mais preconceituosos, até mesmo machistas. A tal da bobagem repetida na infância de muitos que “homem não chora”, se torna reflexo de necessidade de ser “durão” com tudo lá no futuro. E isso inclui o cuidado com a saúde.
Não é à toa que, no mundo todo, os homens vivem menos que as mulheres. No Brasil não é diferente. De acordo com a última pesquisa neste sentido, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida dos homens passou de 72,8, em 2019, para 73,1 anos, em 2020. Já a das mulheres foi de 79,9 para 80,1 anos.
E cuidar da saúde masculina se tornou um desafio ainda mais cruel a partir da pandemia de Covid-19. Dados do Ministério da Saúde mostram que no período da pandemia iniciada em março de 2020, houve uma redução de 21,5% das cirurgias para retirada da próstata por câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O dado é resultado de uma comparação entre os anos de 2019 e 2020.
Outros procedimentos que permitem o diagnóstico do câncer também apresentaram redução no período. A realização de um exame complementar, chamado PSA, teve queda de 27%. Já a biópsia, que consiste na retirada de fragmentos do tecido da próstata para análise, apresentou diminuição de 21%. O número de consultas urológicas no SUS também caiu 33,5%.
Acrescente ao cenário atípico da pandemia e ao habitual desleixo dos homens, o tabu relacionado ao exame que diagnostica o câncer de próstata. Esta cultura precisa ser alterada urgentemente, para que mais e mais pais de família, avós, empresários, humanos. Mais humanos vivam mais e não se despeçam de nós de forma desnecessária.
E não é só sobre câncer de próstata. É sobre a saúde como um todo. Precisamos mudar os hábitos, desde a infância, para que o homem cresça se cuidando o máximo possível e passe este hábito para as próximas gerações até que campanhas como estas sejam mais de reforço do que de clamor. Homens, se cuidem!