Se em abril do ano passado o tomate teve alta recorde nas quitandas e supermercados, dessa vez são as verduras que têm ficado mais caras nas gôndolas e barracas de feira. Horticultores culpam o calor em excesso pela pouca produção de hortaliças, e as que vingam sob o sol escaldante são pequenas.
De acordo com Manoel Guardia Filho, que há 80 anos trabalha na horta da família, à Rua do Tucura, este é um ano excepcional. Enquanto no passado o que atrapalhava o plantio das verduras no verão era a chuva intensa, dessa vez a estiagem e o calor estão preocupando os produtores. “O sol judia muito das verduras. Com esse tempo, temos que colher a alface, por exemplo, muito cedo, o que resulta em pés pequenos e preço salgado para o cliente”, disse.
A irrigação da horta de Guardia é feita duas vezes ao dia e à vontade, pois segundo ele há um poço artesiano na propriedade que supre a necessidade. “Aqui temos água suficiente, mas imagino que para outros produtores deve estar difícil”, lamenta.
Entretanto, a abundância de água não salvou a perda de cerca de 20% das mudas da variedade de hortaliças plantadas na chácara. As hortaliças crescem bem em climas mais amenos, e com o calor, boa parte das frágeis mudas acaba morrendo.
Quem passa pelo mesmo problema é o horticultor José Francisco de Campos, que possui uma horta à Avenida Brasil, no bairro Santa Cruz. “Tenho conseguido salvar um pouco da produção porque coloquei cobertura sobre os canteiros, mas esse calor está castigando”, conta.
A irrigação da produção também é feita duas vezes ao dia, pela manhã, quando o sol ainda está fraco, e no fim da tarde. “Mesmo escolhendo os momentos do dia com menos calor, tenho perdido cerca de 20% das mudas que planto. Se não aguar a planta, ela morre, e se regar, tem chance de morrer também porque a terra esquenta e praticamente cozinha as verduras”, explica. “Tem que ter fé e contar com a sorte”.
Coincidentemente, é no calor que as pessoas costumam consumir mais hortaliças, e para não perder a clientela, Campos tem arcado com o prejuízo. Para não perder a produção ainda no canteiro, as verduras têm sido colhidas ainda pequenas. “Para agradar o cliente, que continua pagando o mesmo preço da hortaliça grande, coloco dois pés na sacola para poder dar um inteiro, o que me gera prejuízo”, diz.
O produtor explica que a alface, por exemplo, cresce bem em temperatura girando em torno de 24 graus, clima que praticamente não tem ocorrido em Mogi Mirim, com um calor que passa dos 30 graus durante o dia.
Variedades de alface e couve tiveram alta
De acordo com cotações de preços feitas por meio do site da Central de Abastecimento de Campinas (Ceasa), as hortaliças que tiveram mais alta no início de março foram as variedades de alface e de couve, com altas girando entre 58% a 78% em comparação aos preços no mesmo período do ano passado.
Outras verduras comuns na mesa do mogimiriano, como acelga, agrião e repolho tiveram queda este ano. Os que ficaram mais baratos foram o repolho, com 58,33% de queda, e a acelga, com valor 40% menor que em 2013.
Já a rúcula, outra hortaliça muito apreciada nas saladas, teve pouca alta, de 6,66% este ano. Os valores são referentes ao preço médio por quilo do alimento.
Verduras | 05/03/2013 | 05/03/2014 | Variação % |
Acelga | 2,50 | 1,50 | -40% |
Agrião | 4,00 | 3,00 | -25% |
Alface americana | 2,10 | 3,75 | 78,5% |
Alface lisa | 2,10 | 3,50 | 66,66% |
Chicória | 2,10 | 2,20 | 4,7% |
Couve | 4,00 | 5,00 | 25% |
Repolho | 3,00 | 1,25 | -58,33% |
Rúcula | 3,75 | 4,00 | 6,66% |