domingo, setembro 15, 2024
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Inclusão (ou exclusão) digital em pleno século XXI?

Computadores, celulares e tablets, quase sempre conectados à internet. Seria a inclusão digital? Não! A democratização da tecnologia não é tão simples de acontecer como se pensa. Para a inclusão acontecer de fato seria necessário que todas as pessoas tivessem acesso aos equipamentos, e mais do que isso, conhecimento sobre as ferramentas disponíveis e também as utilizassem. O que ainda está longe de acontecer no Brasil, inclusive, em Mogi Mirim.

“É saber usufruir das ferramentas. Hoje a internet tem muitas informações importantes que facilitam até a vida das donas de casa, que podem desde visualizar uma receita até agendar médicos, renovar a habilitação, usar o banco, o que muitas pessoas desconhecem. Os smartphones acabaram desenvolvendo ainda mais o uso da internet, nas ruas é fácil de ver isso, mas o que acontece é que a maioria usa apenas esse aparelho, que é um computador de bolso, para acessar as redes sociais”, disse o professor do eixo de Comunicação e Informação da Escola Técnica Estadual Pedro Ferreira Alves, Carlos Catini.

De acordo com o Censo realizado em 2010, de um total de 27.022 residências (o que totaliza 85.813 mil habitantes) que responderam a pesquisa, apenas 14.716 têm computadores. Já acesso à internet, com base na mesma quantidade de residências, são 12.170 casas. Ou seja, menos da metade dos entrevistados. No entanto, não é possível precisar quantas pessoas acessam a rede via celulares e tablets, ou ainda por meio das lan houses e espaços que oferecem o recurso e os computadores, como escolas, por exemplo, e salas do programa Acessa São Paulo, que é um programa do Governo do Estado de São Paulo que visa realizar a inclusão digital. Hoje, na cidade, o programa está instalado na Estação Educação e recebe a população para usar gratuitamente os computadores.

Mas, de acordo com o professor da disciplina de Sociologia, Emanuel Duarte, não basta que esses espaços apenas propiciem o contato com os equipamentos e com a internet. É preciso emancipar a população quanto ao uso das ferramentas. “Você pode colocar um computador numa comunidade, mas se você não ensinar, o equipamento não servirá para nada. E o democratizar é isso, é mostrar para que ele serve. Dominar a ferramenta você pode até ensinar um macaco, é preciso que a pessoa se emancipe”, frisou.

Sem conhecimento de como usar as ferramentas e como a internet pode ser útil para a melhoria da condição de vida, a desigualdade continua a acontecer, uma vez que pessoas (aquelas com acesso) podem usar para aprender, pesquisar, realizar serviços, ter acesso às notícias e até cursos, enquanto outras não saem da superficialidade. Ou seja, o problema é maior do que se pensa. Atualmente ainda há aqueles que não têm computadores, as pessoas que possuem as máquinas, aquelas que têm internet, as que não têm, as que usam a internet para melhorar suas condições e as que não saem da superficialidade. Não que as últimas são culpadas por isso, afinal, quase sempre nem ensinadas são.

“Tem um sociólogo chamado Manuel Castells que parte do princípio que no mundo globalizado estão todos conectados (culturalmente, economicamente e em rede). Esse ciclo é perfeito, mas para um país como o Brasil esse mecanismo não funciona. Se você pegar um bairro, que não tem nem asfalto, como uma internet vai chegar?”, questionou Duarte.

Saída

Uma das saídas para alterar o quadro, pelo menos, em relação ao uso, é propiciar o contato com as ferramentas nas escolas. “Mas não é colocando um power point bonito ou fazendo um bonequinho girar, por exemplo. Isso não é inovação, é um recurso pedagógico para a aula ficar mais atraente. Inovação é mostrar como ele pode usar aquilo que ele (aluno) tem disponível”, frisou o professor de sociologia, Emanuel Duarte.

Outro problema, no entanto, é que apesar de terem computadores disponíveis nas escolas, não há máquinas suficientes para todos e muitas vezes algumas máquinas ainda se mantém quebradas.

Projeto social que ajuda na inclusão digital

Localizado na zona Leste da cidade, o Centro Comunitário da Vila Dias (Cecom) é um dos espaços que educam os jovens para o uso das ferramentas. O local oferece diversas oficinas do Projeto Preservando Vidas, que atende adolescentes, e dentro de cada curso os jovens aprendem desde de digitação, até a fazerem redação, e digitar ofícios, por exemplo. Além disso, também usam a internet com frequência para realizarem suas atividades. Se forem estudar, por exemplo, no teatro, sobre o samba, a internet é que dará todo o suporte.

No local, não há internet para todos, por isso os jovens seguem até a Estação Educação onde são orientados sobre como realizar o trabalho.

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