O direito de se manifestar, emitir suas opiniões, idéias ou pensamentos é garantido pela Constituição Federal a todos os cidadãos brasileiros. Essa segurança, chamada de liberdade de expressão, é uma prática democrática, porém é necessário bom senso e equilíbrio para que não haja incoerências na forma de pensar ou agir.
O vereador Laércio Rocha Pires (PPS) confirmou nesta semana, ao utilizar a tribuna da Câmara Municipal, que não deve mais fazer parte da base governista do Legislativo e que a partir daquele momento, não defenderia mais o prefeito Gustavo Stupp (PDT) por conta de suas atitudes. Foi mais além: disse que apoiará o vice-prefeito – e presidente de seu partido –, Gerson Rossi Junior, caso decida deixar o cargo de secretário de Saúde e que irá tentar convencer seu colega de bancada, Manoel Palomino, a fazer o mesmo.
Ora, logo ele?! É de se estranhar o fato de Pires virar oposição, justamente porque ele era a voz do Executivo na parte superior do Paço Municipal desde a saída de Márcia Róttoli, que deixou a Câmara para assumir a Secretaria de Educação. O nobre edil nunca escondeu suas posições, algo louvável, embora muitas delas tenham sido um tanto quanto equivocadas. Também nunca se envergonhou em acompanhar eventos oficiais e posar para fotos ao lado de Stupp. Muito pelo contrário.
É de uma incoerência absurda o jogo político que Pires tenta fazer. Ele afirma somente agora, passados quase dois anos de mandato, que o governo está deixando a desejar e que está decepcionado. Citou o caso do projeto de lei que aprovou a Contribuição de Iluminação Pública (CIP), em que ele diz ter sido enganado por Stupp, que teria prometido algo diferente do que estava no papel. Na sessão de segunda-feira, ainda tentou argumentar: “Se tivessem mandado com 20 dias de antecedência, não teria aprovado a lei”.
Indo no sentido inverso ao que sempre caminhou, Pires continuou dizendo que deveria haver mais debates, chances para que os vereadores pudessem opinar. “Não é chegar e votar correndo, como aconteceram várias vezes”, afirmou. É risível ouvir tais palavras da boca de um vereador que nunca se preocupou com tais fatos e que não pensa duas vezes antes de utilizar de sua imunidade parlamentar ao discursar na tribuna, momento em que costuma descarregar asneiras.
Há um mês, Pires já havia dito que ‘pularia fora do barco’ e que não afundaria com o governo. O parlamentar deve ter suas razões pessoais. Não se sabe ao certo, o que aconteceu no espaço compreendido entre as paredes do Gabinete do Prefeito para que, o até então maior defensor do governo, tenha feito tal escolha. Ele que siga e defenda a opinião que quiser, mas que seja coerente. É isso que se espera de um legislador e representante da população mogimiriana.