sábado, novembro 23, 2024
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Indignação e descrença

A participação da comunidade de forma ativa na sociedade nos mais diversos segmentos é algo digno de ser reverenciado no sentido de envolvimento social, contrastando com o comodismo de quem apenas aguarda medidas do Poder Público, sem se envolver de forma mais ampla. A participação voluntária em projetos visando o bem da sociedade e a colaboração com os mais necessitados é positiva, mesmo quando o ideal seria que o Estado garantisse as necessidades de forma ampla e irrestrita.

No entanto, em alguns casos, gera perplexidade o limite em que chegam alguns cidadãos diante da necessidade de ir além da simples ajuda, partindo para o sacrifício pessoal envolvendo o engajamento financeiro com uma obra que em tese deveria ser de responsabilidade do poder público. Para garantir o próprio bem dentro de um âmbito coletivo, ao se deparar com a inércia do poder público, o munícipe se vê diante da necessidade de gastar seus próprios recursos em detrimento de outros interesses mais pessoais.

Um caso registrado em Mogi Mirim neste sentido é o de um grupo de produtores rurais que resolveu se unir para garantir a recuperação da estrada da Fazenda Esmeralda, localizada na região do distrito de Martim Francisco. A via de terra, com acesso à Rodovia SP-340, estava repleta de buracos, gerando transtorno aos motoristas, principalmente os caminhoneiros.

Diante da falta de uma ação da Prefeitura, aproximadamente 15 produtores rurais resolveram investir juntos cerca de R$ 2 mil para melhorar a estrada, alugando maquinário de Holambra. Posteriormente, o mesmo maquinário será utilizado para manutenção da via, diante da ausência desse serviço pela Prefeitura há muito tempo, segundo reclamam os produtores.

Recentemente, em outro exemplo de mobilização social, um grupo de jogadores de futevôlei e vôlei da cidade custeou uma reforma na quadra de areia das Três Marias, localizada no Complexo José Geraldo Franco Ortiz, no Lavapés. Conscientes da dificuldades da Prefeitura, os atletas resolveram se unir para viabilizar a reforma e assim poder melhorar as condições de solo e diminuir o risco de lesões.

Exemplos como esses geram um sentimento duplo. Se por um lado é admirável observar um posicionamento ativo dos munícipes diante das dificuldades, por outro se escancara um descrédito do Poder Público, ao deixar a situação chegar ao ponto de “exigir” uma postura com emprego de recursos financeiros por cidadãos que já pagam impostos.

A impressão de abandono chega a tal ponto que se confunde um espaço público com uma espécie de “terra de ninguém”, onde nada será melhorado. O exemplo dos munícipes é transformar a “terra de ninguém” em “terra de todos”, participando ativamente da evolução de seu próprio mundo.

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