sábado, novembro 23, 2024
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Individualismo e planejamento

O esgotamento dos estoques das doses da vacina em diversas cidades na Campanha Nacional de imunização contra a gripe H1N1, no sábado, foi sintoma de alguns problemas relacionados ao governo federal e à população. Em Mogi Mirim, por exemplo, as vacinas foram esgotadas em poucas horas.

É positivo observar a preocupação dos brasileiros com a saúde no caso específico do temor em relação à gripe Influenza. A prevenção, com a busca de vacinas, é algo a ser colocado na prateleira dos fatores positivos. Porém, deve ser observado o fato de a mesma preocupação não ser demonstrada no que se refere ao combate à dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypt. O engajamento do povo brasileiro para evitar a proliferação do mosquito, com a eliminação de criadouros, não chega nem próximo da intensidade empregada para evitar a H1N1. Tanto a dengue quando esta gripe podem ser consideradas doenças alarmantes.

É possível encontrar algumas explicações para esta diferença de envolvimento. O primeiro motivo é a característica individualista da população. Ao buscar ser vacinado contra a H1N1, a preocupação maior, antes de tudo, é evitar contrair a gripe. O temor da gripe chega a aterrorizar a população. Muitas pessoas estão desesperadas a ponto de até pagar pela vacina, fazendo um esforço financeiro admirável, sendo para se esforçar na busca pela eliminação de um criadouro de Aedes pode ser desafiador. A preocupação, quase sempre, no caso da gripe, é com o próprio umbigo. Isso porque a dose da vacina, obviamente, só pode proteger diretamente a pessoa vacinada.

Já em relação à dengue, passa-se a impressão de que uma ação tomada por uma pessoa pode não ser garantia de combate da doença. Assim, um prefere deixar para o outro e para o governo uma ação contra a dengue. É o tipo de problema mais coletivo, onde a união de forças é que pode fazer a diferença. Mesmo correndo o risco de ser picado pelo Aedes, muitos não se engajam tanto no combate, pois o esforço, além de ser coletivo neste caso, demanda maior energia do que simplesmente enfrentar uma fila e ser picado por uma agulha.

Se a população tem culpa neste panorama, o governo federal também dá mau exemplo. No sábado, ficou demonstrado que a preocupação da população foi subestimada. Não houve um planejamento eficiente e faltaram doses da vacina em diversas cidades, em um flagrante desrespeito às pessoas. O despreparo afeta a credibilidade do governo e torna mais difícil campanhas de conscientização da população, afinal muitos dos que aderiram à prevenção acabaram voltando para casa decepcionados.

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