Além de cursos na área de culinária e informática, agora os meninos da Fundação Casa, unidade Laranjeiras, localizada às margens da rodovia que liga Mogi a Conchal, terão aulas de impressão em gráfica offset. O curso é uma parceria entre a entidade e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e, segundo o coordenador de atividades técnicas do serviço, Anésio Ricci, é uma área carente de profissionais qualificados. “As próprias empresas do setor nos pedem para formar mais gente”, explica.
De acordo com diretor da Casa Laranjeiras, Márcio de Paula, esta é a primeira unidade em todo o Estado a receber a escola móvel do Senai. “É uma grande conquista para os meninos da internação, já que eles não podem sair para fazer aulas nas escolas técnicas”, diz.
Ao todo, 40 meninos participarão do curso, divididos em quatro turmas. Serão 40 dias de aulas até a data de saída da carreta, em meados de julho. “Os meninos vão sair com certificado, tudo certo para poder ingressar no mercado quando deixarem a Fundação Casa”, explica.
Quem vai ministrar as aulas é o instrutor Estevan Silvestri, dentro da carreta de 14 metros de comprimento, dotada de ar condicionado, cadeiras universitárias e computador. Além disso, impressoras offset foram instaladas para que os meninos aprendam na prática o novo ofício.
“Haverá a parte teórica, mas a maior parte é prática, para que eles aprendam desde a manutenção, o funcionamento dos equipamentos, até a operação”, conta.
Para participar do curso, os menores passaram por um tipo de “seleção”, como explica Erica Diniz, co-gestora da Casa Laranjeiras. Segundo ela, os meninos tiveram seus perfis observados, levando em conta as aptidões e desejos de cada um.
Além disso, questões de segurança também foram consideradas, já que a carreta fica no pátio cercado da unidade, e não dentro do prédio. “Cada menino tem o que chamamos de Plano Individual de Atendimento (PIA) em que são anotadas as metas de cada um, e por onde nos norteamos quando surgem os cursos profissionalizantes para eles”, explica.
Chance
No início do mês, a presidente da Fundação Casa do Estado, Berenice Gianella, veio para Mogi Mirim para uma apresentação na Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm).
A visita foi justamente para pedir apoio ao setor na cidade para que dê oportunidade aos garotos egressos da entidade.
Segundo a Fundação, as duas unidades de internação na cidade, Laranjeiras e Mogi Mirim, têm cursos que funcionam em dois módulos: informática básica e depois web designer; informática para comércio que evolui para assistente de vendas de equipamentos de informática; assistente de vendas de informática passando para informática básica. Já na área de culinária, os meninos aprendem sobre cozinha regional brasileira, culinária básica, chocolateria, os ofícios de chapeiro, doceiro e pizzaiolo.
A presidente contou que os meninos recebem toda a capacitação necessária para saírem e já começarem a trabalhar, “mas o depois é muito difícil”, diz ela, se referindo ao preconceito que empresários ainda sentem ao se deparar com um menor egresso da Fundação Casa pedindo emprego.
“O empregador tem que saber que esse adolescente que está precisando de trabalho foi avaliado antes de sair, tanto pela equipe da Fundação quanto pelo Judiciário”, afirma.
Para ela, o fato de o jovem conseguir um emprego quando deixa a instituição é menos uma chance que ele tem de entrar para o mundo do crime novamente.