Divergências no alto comando, demissões com funcionários demitidos seguindo atuando, discussões acaloradas e até a presença da Polícia no Estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira. Nos últimos dias, a gestão do Mogi Mirim Esporte Clube tem vivido momentos turbulentos com uma espécie de guerra tendo de um lado o presidente Luiz Henrique de Oliveira e do outro o principal investidor do clube, o vice-presidente Victor Manuel Simões, e o ex-assessor da presidência Cristiano Pereira Rocha, demitido em meio à turbulência administrativa.
Embora Luiz o tenha demitido de sua assessoria, Cristiano foi “recontratado” pelo vice para outras funções. O POPULAR apurou que a presidência chegou a dar ordem na portaria do clube proibindo a entrada de Cristiano. Porém, nesta sexta-feira, Luiz e Cristiano foram vistos em reunião durante um almoço na Churrascaria Gauchão do Tchê. Na sexta-feira à noite, Luiz disse a O POPULAR estar estudando o retorno de Cristiano às suas funções. “Foi um motivo muito ruim”, limitou-se a responder Luiz, quando questionado sobre a demissão.
Os problemas vivenciados no Mogi não são tratados de forma clara publicamente. O cenário é nebuloso.
Por motivos ainda não esclarecidos, Simões, responsável por assumir a dívida de R$ 10.900.000 com Rivaldo na passagem de gestão, deseja a saída antecipada de Oliveira da presidência. O mandato de Luiz termina em 31 de dezembro, mas o movimento interno trabalha para antecipar as eleições e tirar do comando o presidente, que se recusa a deixar o cargo antes do final. Luiz não conduz o clube como queria o investidor principal e tem decepcionado Victor. A desavença desperta a atenção, pois o grupo chegou unido para gerir o Mogi sucedendo Rivaldo.
Nos bastidores, há o comentário de que o sucessor desejado pelo grupo de oposição a Luiz é Cristiano. Porém, o nome de Victor também é cotado para suceder Luiz.
O assunto é tratado com muita cautela nos bastidores. Cristiano é tido como figura mais presente no dia a dia do clube, já que Oliveira fica em São Paulo. A função de Cristiano era justamente assessorar Luiz em diversos aspectos para deixar o presidente mais focado no futebol.
Questionado por O POPULAR, Oliveira economiza nas palavras e não entra em detalhes. Mas descartou renunciar ao cargo e admite poder participar de uma eventual chapa nas próximas eleições. “Vou cumprir meu mandato até o final”, resumiu.
Já Cristiano, procurado por O POPULAR, se recusou a conceder entrevista. A reportagem não conseguiu contato com Simões.
Saída
Outra medida foi a demissão do assessor de comunicação, Geraldo Bertanha, o Gebê. A despeito de ter sido demitido por Luiz na terça-feira, quando o clube ficou sem assessor na partida diante do Paysandu, Gebê, com o aval de Victor, viajou com o time para Natal na quinta-feira para acompanhar a equipe no jogo de sexta-feira contra o ABC. Assim, Gebê segue atuando no clube pelo desejo de Victor e Cristiano.
Polícia na sede do clube: troca de fechadura revolta dirigente
A manhã de quinta-feira foi agitada no Estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira. O vice-presidente Victor Manuel Simões, o presidente do Conselho Deliberativo, Nélio Antônio Simões Coelho, o ex-assessor da presidência, Cristiano Pereira da Rocha, e o ex-assessor de comunicação, Geraldo Vicente Bertanha, o Gebê, chegaram acompanhados de seguranças e de membros da Polícia Civil ao estádio.
Victor registrou boletim de ocorrência reclamando terem sido impedidos de entrar e, depois, quando entraram, não tiveram acesso à sala onde o vice-presidente exerce suas atividades, tendo sido ainda depois expulsos pelo presidente Luiz Henrique Oliveira. O vice-presidente reclama que Luiz trocou as fechaduras da sala onde atua. O nome de Cristiano chegou a ser informado na portaria como proibido de entrar no Mogi.
No boletim, Victor aponta ter tomado ciência de que Luiz vinha tomando atitudes não condizentes com o clube e sem o consentimento da diretoria e disse ter sido marcada uma reunião na manhã de quinta-feira com o Conselho Deliberativo. Victor também registrou no boletim que os conselheiros Adilson Alves Pinheiro e Felipe Santos Oliveira são coniventes com Luiz.
Segundo informações obtidas por O POPULAR, Luiz se dirigiu até o estádio à tarde e acionou a Polícia Militar, o que levou uma viatura ao local. Luiz teria ainda mostrado a documentação de que era o presidente do clube.
O clima pesado no Mogi, com direito a discussões envolvendo gritos e a presença da Polícia, tem assustado funcionários.
Há grande preocupação em relação ao aspecto futebol, com o temor de que as disputas internas prejudiquem a montagem do elenco para o Paulistão, que já é considerada atrasada, elevando o risco de rebaixamento. Um fator que atenuaria o problema é que a montagem tem sido conduzida pelo técnico Toninho Cecílio, que é um nome de consenso entre as duas alas do clube.