O mogimiriano Luís Henrique Sbeghen de Mattos, o Ique, assumiu a liderança do Circuito Paulista de Velocross. No domingo, 4, o piloto esteve em Itatiba para a disputa da sexta etapa da temporada. Na categoria VX1, foi o quarto colocado, com 10 minutos, 50 segundos e 182 centésimos.
Ele cravou a melhor volta em 1min08seg829. A VX1, com motos de 450cc, é considerada a “Fórmula-1 do Velocross”. Na VX3, o piloto foi o terceiro colocado, com 9min42seg939. Na VX1, agora, Ique é o líder do campeonato após seis etapas. O mogimiriano soma 85 pontos e está à frente em uma lista que conta com mais de 40 pilotos.
Enzo Mattos, filho de Ique e que tem 7 anos, terminou em quinto lugar na categoria 50cc e ocupa, atualmente, a segunda colocação na classificação geral. O Circuito Paulista de Velocross já teve seis etapas em 2020. As três primeiras ocorreram antes da paralisação pela pandemia, com provas em Bragança Paulista, Atibaia e São Roque.
Posteriormente, foram realizadas duas etapas em Elias Fausto e, a mais recente, em Itatiba. A próxima está marcada para o final de semana dos dias 7 e 8 de novembro, em Serra Negra. O Circuito Paulista de Velocross é organizado pela Tamura Promoções & Eventos.
Trajetória
Ique Mattos praticou diferentes tipos de esportes até encontrar sua grande paixão: o Motocross. Quando criança praticou aulas de judô, natação e até se arriscou a brincar com o kart que seu pai corria, colocando uma pedaleira para que suas pernas pudessem alcançar o acelerador e o freio, iniciando uma admiração pelo esporte a motor.
Ele praticou também nove anos de hipismo, nas categorias Rural e Salto e chegou a competir em campeonatos da ABHIR (Associação Brasileira de Hipismo Rural), ganhando algumas etapas. Ao final dos nove anos de prática em hipismo, Ique já chegava à 1,65 metros em seus saltos com suas éguas, iniciando seu gosto por esportes que envolvessem esta prática.
Competiu ainda no mountain bike e ganhou algumas medalhas. Aí, aos 14 anos, Ique ganhou sua primeira moto. Era uma Dream. Não era a moto adequada para o esporte que admirava, o Motocross. “Foi através então do Dr. Francisco, delegado de Conchal (cidade próxima à Mogi Mirim), que já praticava o Motocross, que fiz minha primeira trilha, com uma moto emprestada”, contou.
Depois de sua primeira experiência, fez com que seu pai vendesse a Dream e comprasse uma DT180, para que pudesse continuar indo a Conchal fazer trilhas. Porém, a vontade de Ique era competir, e para isso ele teria que desistir das trilhas e partir para o Motocross.
Até que em 1998, conheceu Eduardo Mantovani (atleta de Motocross, também da cidade de Mogi Mirim). Ique assistiu uma de suas corridas e teve a certeza de que era competir o que ele realmente queria. Vendeu sua moto de trilha e comprou uma Honda CR125 ano 1988, moto na qual aprendeu a saltar e ficou por um ano e meio.
Em 2000, Ique Mattos comprou uma Suzuki RM125, ano 1996 e logo depois no ano de 2002 a trocou por uma Honda CR250, ano 1997, passando a competir em categorias mais avançadas, e conseguindo seu primeiro patrocínio, a FABRAS Abrasivos. Sua última corrida com essa moto foi na cidade de Mogi Guaçu no ano de 2003, no evento chamado Expo Guaçu, emIque ultrapassou seu adversário na última volta, em uma rampa.
Em 2003 comprou uma Yamaha YZ250, ano 1999, conquistou diversas medalhas e troféus de primeiro lugar, além de conseguir competir em seu primeiro campeonato Regional de Veloterra na Categoria Importada Acima, no ano de 2005. Surgiram então as motos 4 tempos, que são mais fortes e mais fáceis de competir.
Em 2007, Ique Mattos conseguiu comprar uma Honda CRF450, 0km. Com essa moto já poderia competir na elite do Motocross e do Veloterra. Ganhou rapidamente sua primeira prova, conquistando mais títulos a cada competição que participava. E se transformou em referência de tempo baixo para os outros competidores. Nessa época foi campeão Regional de Veloterra na categoria VX1 e ficou em terceiro lugar na categoria Força Livre.
Em 2008 resolveu correr o Campeonato Paulista e o Regional, quando teve seu melhor ano no esporte. O Campeonato Paulista teve oito etapas, espalhadas em várias cidades do estado. Ique conseguiu três vitórias, dois segundos lugares, três terceiros e quatro quartos lugares somando as categorias VX1 e Força Livre, do Paulista. Com esses resultados conseguiu o título de Campeão Paulista 2008, nas categorias consideradas mais fortes do Motocross: VX1 (motos importadas acima de 450cc) e Força Livre (qualquer moto importada).
Em julho de 2009, Ique Mattos trocou sua Honda por uma Kawazaki KX450F, 0km e com ela conseguiu alguns títulos, entre eles o de campeão na categoria Força Livre e o mais desejado, de Campeão Paulista pela Federação Brasileira de Motociclismo. No campeonato Regional (categoria VX1) ficou com o vice-campeonato, perdendo o título por apenas um ponto. Já no Paulista da DirtAction, conseguiu o vice na categoria VX1 e foi o 15º na Força Livre, devido aos tombos que sofreu durante a corrida.
Até que no ano de 2010, em um treino da primeira etapa do Campeonato Paulista na cidade de Conchal, Ique Mattos caiu e estourou os ligamentos de seu ombro esquerdo. Como optou por não fazer a operação, seu rendimento não foi o mesmo dos anos anteriores. Para começar bem o ano de 2011 o primeiro evento no qual Ique Mattos participou foi a Copa Verão de Velocross, organizada pelo famoso narrador Ximboca Racing, que fez questão que o atleta de motocross participasse.
E Ique Mattos não fez por menos. Logo na primeira largada do dia fez um Holeshot (o primeiro piloto a fazer a curva logo após a largada) que acabou virando a imagem do dia na capa do Motox (site sobre Motocross). No segundo semestre de 2011 ganhou todas as categorias que participou na Copa São Paulo Minas. “Isso fez com que desse uma reanimada em relação ao ano de 2012 que estaria por vir”, frisou.
Porém, no final de 2011, em um treino de Motocross na pista de Estiva Gerbi, Ique caiu e seu ombro saiu do lugar. No mesmo dia em um salto, novamente seu ombro deslocou. Esse problema acontecia desde o início de 2010. Ique fez alguns exames e constatou que a única forma de seu ombro voltar a ficar bom era fazendo uma cirurgia. Como o ombro direito já não estava 100% também resolveu fazer os exames, que também constataram que o problema era cirúrgico.
Seu irmão Leandro Mattos (médico ortopedista) indicou seu professor, Dr. Paulo Miras, que era especialista em ombro para fazer as cirurgias. “O Dr. Paulo Miras virou um amigo da minha família, e me curou de maneira fantástica”. A primeira cirurgia foi no ombro esquerdo (que estava pior). Foi no dia 7 de Novembro de 2011. Já a segunda, no ombro direito, foi no dia 23 de dezembro de 2011.
Ique ficou 10 meses fazendo fisioterapia diariamente. “Muitas vezes de manhã e à noite”, relembrou. Em outubro de 2012, Ique retornou às pistas e logo em sua primeira prova já fez o Holeshot. Em sua última prova daquele ano, na cidade de Estiva Gerbi, na categoria Intermediária, o mogimiriano venceu uma prova disputadíssima. No início de 2013, em um treino para a primeira etapa do Campeonato Asfalto Zero de Motocross, em Rio Claro, Ique caiu em um duplo e fraturou uma costela.
Mas em dois meses o atleta voltou às competições, prometendo bons resultados no Motocross e no Veloterra. Ainda em 2013, Ique fez um bom campeonato pelo Paulista de Velocross, organizado pela equipe ASFALTO ZERO. “Um torneio em que muitos pilotos TOP disputaram ponto a ponto”, recordou. Com isso Ique ficou com um vice e com um terceiro lugar no Campeonato.
Em 2014 Ique Mattos se dedicou inteiramente no Motocross. Disputou a Copa Mantiqueira de Motocross, organizada pelo QG Racing. Fez um campeonato impecável e sagrou-se campeão na categoria Intermediária e vice-campeão na Força Livre. “A grande final foi na pista da SP-340, em Mogi Mirim, com toda a imprensa fazendo as matérias”.
Em 2015, Ique estava em uma de suas melhores formas e sua grande virtude era o preparo físico. Foi aí que veio uma prova em Indaiatuba. “Era a famigerada Super Liga Brasil de Motocross, eu fazia uma prova espetacular e estava em 13º. Porém, na última volta, faltando poucas curvas, saltei um duplo e caí em cima de uma KTM que estava caída atrás do salto. Foi um acidente muito grave e, por sorte, quebrei somente a escafoide (um osso da mão que demora muito para ficar bom novamente)”, contou. Esse acidente aconteceu no final de julho, e com isso, Ique voltou aos treinos somente em novembro.
“Treinei muito e me dediquei demais para a grande prova de Motocross na minha cidade, Mogi Mirim lá na pista da SP-340, que estava sendo administrada pelo Neto, Rodrigo, Renata e André. Foi uma grande prova organizada pela equipe Asfalto Zero”. Na categoria MX3 (pilotos acima de 30 anos) Ique fez um holeshot magistral e depois de uma pequena disputa com o piloto Sagui, venceu a prova de ponta a ponta. Na categoria VX1 Ique fez o holeshot novamente, andou meia prova em primeiro, mas, no meio da prova, foi ultrapassado e terminou em segundo lugar.
Em 2016, Ique disputou o Paulista Asfalto Zero de Velocross, organizada pela Equipe Asfalto Zero. Ele fez um campeonato regular, sempre chegando entre os primeiros. Já com sua equipe “Irmandade”, formada por Ique, Alex Bisigato, Cabeleira e Vitor, fez parte do extra corrida. “Foi um campeonato em que a grande final foi em Mogi Guaçu e novamente me sagrei campeão na categoria VX3”. Na categoria Força Livre Ique tinha que se classificar entre os feras…. Conseguiu a classificação e ainda fez uma ótima prova e com isso também ficou campeão.
“No ano de 2017 começamos fazendo o Campeonato do Amauri, um campeonato muito bem organizado, mas, devido às pistas, eu não estava conseguindo andar bem”. Mesmo assim Ique terminou em terceiro lugar na categoria VX3 na Copa Verão de Velocross. Já no meio de 2017, Ique inicia a Copa Independência de Velocross, em que, logo na primeira etapa ganhou de muitos pilotos fortes. Devido às pistas e o formato do campeonato, Ique ressurgiu forte, fazendo ótimas provas. Inclusive, ganhou uma prova em Amparo com a moto emprestada do Gustavo Bella. Com essa sequência de boas provas Ique conquistou a Copa Independência de Velocross nas suas principais categorias: VX3, VX1 e Força Livre.
No ano de 2018, Ique focou no maior e mais badalado campeonato de Velocross do estado de São Paulo. A Copa Paulista de Velocross, organizada pela Tamura Eventos. Mesmo tendo uma faixa de 30 à 40 motos em todos os gates de largada, Ique estava fazendo ótimas corridas com Holeshots, boas disputas e fazendo seu nome crescer nesse campeonato também. No meio do ano Ique foi desclassificado da Categoria Intermediaria, pois, segundo o organizador, ele já era de uma categoria profissional e não intermediária.
“Porém, no dia 1º de agosto, em um treino às 6h, caí feio em um pulo na pista de Estiva Gerbi. Estourou acorrente na entrada da mesa de chegada”, contou. Ique voou sem a moto, caiu feio. Com isso quebrou o braço (rádio), o punho e a escafoide. Devido a isso, ficou um tempo parado e o campeonato foi por água abaixo.
“Mesmo assim fiz a penúltima e a última etapa, fazendo ótimos resultados. Na minha última corrida no ano, fiquei em segundo lugar, perdendo apenas para o Rafael Zenni, piloto que já foi várias vezes campeão Paulista e Brasileiro”. Com isso Ique termina o ano de 2018 com ótimas perspectivas para 2019. No ano passado, foi vice-campeão da categoria VX1 (motos 450cc). E, em 2020, segue vivo na luta por mais uma conquista!