De volta ao Boteco, o motociclista Ique Mattos conta o desfecho inusitado da corrida em que promoveu a estreia do amigo Alex Bizigatto contra o seu pai, Edson Mattos.
Boteco – Muitas histórias com seu pai, nas corridas?
Ique – Meu pai já tem 67 anos, corre na categoria over 60, acima de 60 anos. E a gente foi correr em Itatiba, chegando lá, não tinha ninguém pra correr com meu pai.
Boteco – Quando só tem ele, ganha por WO?
Ique – Não, mistura com outra categoria ou nem faz, piloto com mais idade tem poucos, mas é difícil acontecer isso, mas lá aconteceu. Daí falei: “Nossa, não é possível, meu pai vai correr sozinho. Vou dar um jeito”. Eu fui lá no organizador: “Chegou um outro senhor e ele vai correr com meu pai. Mas tem que ser rapidinho, que ele já vai se trocar, ele chegou atrasado”. “Mas como ele chama?”. “Alex Bizigatto”. “Nome diferente, nunca vi esse cara aí”. “É diferente, ele vai correr”.
Boteco – E você falou que era um senhor, mais de 60?
Ique – É, mais de 60. Paguei a inscrição, assinei como responsável. Daí: “Biza, negócio é o seguinte, meu pai quer correr, não tem ninguém para correr com ele, você vai”. “Eu? Mas eu nunca andei”. “Mas vai andar. Sabe andar de CG Titan?”. “Sei”. “É a mesma coisa. Vai lá no gate”. Botou o capacete. Um sol de 40ºC e ele não podia arrancar o capacete, senão iam ver que não tinha 60 anos. Ficou de capacete, viseira, roupa, luva, bota, esperando no sol que nem um louco. Daí eu contei pro meu pai. E dei minha moto pra ele. Daí alinhou ele, alinhou meu pai. E o narrador: “Edson Mattos e Alex Bizigatto, piloto novato”. E aí placa de 15 segundos. E placa de 5 segundos. Na hora que caiu o gate, o Biza pegou, soltou, a moto deu 3 piruetas e caiu de costas. Meu pai tava do lado, assustou com a moto virando, caiu também, ficaram os 2 pro chão, não teve corrida, não teve nada. Todo mundo morrendo de dar risada. Porque a hora que a moto saiu virando, meu pai assustou e caiu e o Biza caiu de costas, a moto caiu em cima dos 2. Todo mundo dando risada, já invadiram pista, papelão. O narrador falava assim: “Eu já sabia”. Foi uma palhaçada.
Boteco – Mas o que ocorreu com o Bizigatto?
Ique – Acho que ele estava acostumado com moto de rua. Moto de corrida, você acelera um pouco, a moto dá um pinote, a hora que ele acelerou, o trem, tchum, saiu debaixo dele, ele deitou no chão, a moto caiu em cima. Arrancou o capacete, todo mundo já viu que não tinha 60 anos nada, virou palhaçada: “Olha o que você me arruma, olha o que faz comigo, você é f…, puta vergonha”. Falei: “Não dá nada”.
Boteco – Alguma outra do Bizigatto?
Ique – O Biza é terrível, eu e ele somos irmãos. Quando ele começa a tomar uma e engrena, o buraco é mais embaixo. Em Louveira, puta evento, chamaram o prefeito, governador, entrega de troféu e eu fui muito bem, perdi só pro Marquinho Moraes, que já foi 3 vezes campeão brasileiro e eu fiquei em segundo. E festa né, o Ique andou bem. E o Biza fazendo festa. E o narrador não sabia, começou a falar que o Biza era o vice-prefeito e ele se passou por vice-prefeito o tempo inteiro. Serviram ele. O narrador confundiu porque ele tava tão alvoroçado na entrega de troféu, querendo ajeitar as coisas, indo pro meio, que o narrador pensou que ele era do governo. E todo mundo tratando, abanando, paparicando e ele ficou na dele.
Boteco – Ique volta para contar curiosidades e o desfecho de uma aventura de um amigo com uma moto velha, na chuva, transportando 10 litros de gasolina azul para uma corrida.