Campeão do Campeonato Paulista de Velocross de 2009 e com uma série de conquistas na carreira, o motociclista Ique Mattos recorda uma aventura na adolescência, quando conseguiu superar um mal estar durante uma prova em Jaú, após passar a noite curtindo um baile à fantasia.
Boteco – Quando você era mais jovem, estava começando, na adolescência, chegou a ter alguma história de ir de ressaca pra prova, após uma festa que você não podia perder?
Ique – Teve uma corrida em Jaú, meus avós são todos de Jaú. E eu fui na festa à fantasia aqui em Mogi, que bombava, e bebi, bebi, molecada, eu tinha 15, 16 anos… Não tem como. Falei: nem vou na corrida. Mas já tinha falado pra vó que ia pra Jaú. Falei: “Agora vamos, né”. Aí bebi, bebi que nem um louco, na festa à fantasia e fui. Aí dormi no carro. Meu pai foi (dirigindo). Cheguei, falei: não vai dar certo. E não deu outra. Dormi no carro, mas não passa assim. Fui na casa da minha avó, tomei um banho. Falei que tava passando mal, mas não falei que tinha bebido, meu pai desconfiou.
Boteco – Aí tomou alguma coisa pra curar a ressaca?
Ique – Não tomei nada. Chegou, deu a largada, eu tava em terceiro ou quarto, tava bem, daí começou a dar uma reviravolta, e daí, buh, comecei a vomitar. E tô lá com o capecete, viseira, entrava vômito pela viseira, nossa, cara, foi um Deus nos acuda, aquele fedô e não sei o quê.
Boteco – E aí parou de correr, abandonou a prova?
Ique – Não, terminei ainda, vomitando, diminuía, ia mais devagar. O capacete do motocross é aberto, tem a viseira e tem só aquele bico aqui e a aba, então, você vomitava, caía tudo pra roupa, bico. Fui na raça, daí terminei.
Boteco – E o pessoal via que você tava vomitando?
Ique – Ninguém percebeu nada, durante a prova. A hora que terminou, todo mundo viu, porque o fedô era insuportável, aquele fedô de vômito e tudo a roupa… Porque você vomita pra frente, a moto tá indo pra frente e volta tudo em você, volta e fica tudo no colo. Foi a corrida no sábado que eu passei mal e o grande evento (prova) era domingo. Só que no domingo, eu não conseguia nem colocar a roupa, que eu levei só uma troca de roupa, e muito menos o capacete.
Boteco – Daí você não foi domingo?
Ique – Não fui? Daí eu catei graxa, com óleo, misturei tudo para ficar aquele cheiro bem forte de White Lub, joguei tudo no capacete e daí os caras da arquibancada falaram: “Viu, você tá fazendo isso pra você ficar muito loucão pra fazer suas manobras?”. “Que loucão, filho? Tô fazendo isso para sair o fedô de vômito, tá louco, ficar loucão?”.
Boteco – E conseguiu correr?
Ique – Só que daí eu não tava com tanta ressaca, porque bebi na sexta, no domingo eu já tava melhor, problema maior era o cheiro.
Boteco – Vomitar competindo é comum ou é raro?
Ique – Ah, cara, que eu saiba, não, mas comigo aconteceu umas três vezes. Faz 22 anos que eu ando e foram 3 vezes. A primeira foi essa e a segunda foi depois de cinco, seis anos. E a terceira foi agora faz um ano. Então, tem muito tempo de um vômito pro outro. Esses últimos não foram de ressaca, às vezes, você não tá bem de estômago.
Boteco – Você tinha algum segredo para melhorar da ressaca?
Ique – Não conhecia, hoje, quando eu bebo, eu já passo numa lanchonete, pego um X-Tudo, como e bebo 2 Gatorades goela abaixo, antes de dormir, daí eu acordo no dia seguinte… bem não, mas 70%. Esse é o segredo.
Boteco – Ique volta para contar o inusitado desfecho da corrida em que promoveu a estreia de Alex Bizzigato, em Itatiba, em prova com atuação de seu pai, Edson Mattos.