sábado, novembro 23, 2024
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Irmãos Davoli tem reencontro de ex-jogadores e prepara jogo

Famoso clube de categorias de base, especialmente nas décadas de 80 e 90, por onde passaram nomes como o goleiro Mauro e o ex-meia corintiano Neto, o extinto Esporte Clube Irmãos Davoli permanece vivo na memória de ex-jogadores. Para relembrar momentos e homenagear figuras especiais, um grupo de ex-atletas programa um jogo festivo contra a seleção brasileira máster e vem realizando encontros para matar as saudades e preparar detalhes de um evento marcante.

Ex-atletas se reúnem em churrascos para matar as saudades e programar uma partida especial. (Foto: Diego Ortiz)
Ex-atletas se reúnem em churrascos para matar as saudades e programar uma partida especial. (Foto: Diego Ortiz)

Ex-atletas se reúnem em churrascos para matar as saudades e programar uma partida especial

 

Ex-atletas se reúnem em churrascos para matar as saudades e programar uma partida especial

 

O clube teve início na década de 70 e teve fim há cerca de 15 anos, por motivos financeiros. Inicialmente, surgiu como uma escolinha para filhos dos funcionários da empresa. O extinto campo onde ocorriam os treinos em dias e finais de semana era onde hoje é o barracão da Buffalo Grill, na Chácara das Uvas.

Atuavam garotos a partir de 11 anos, que se encontravam na Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, para rumarem aos treinos e jogos de ônibus da empresa. “Era uma estrutura fortíssima”, relembra o ex-goleiro Anderson Braz, o Nkono.

A escolinha trabalhava fundamentos, garantindo uma base importante. Como a equipe começou a disputar campeonatos, passou a atrair outros jogadores, deixando de ser apenas destinado a filhos de funcionários. O hoje comentarista Neto vinha de Santo Antônio de Posse para treinar no Davoli e chamou a atenção do Guarani. “Ele sabia que o time era forte, vinha de lá para treinar. O Neto disseminou muito este time, foi um dos primeiros que saiu da escolinha”, relembra Nkono.

Comandado pelo técnico Val, Irmãos Davoli revelou o meia Neto, na foto apoiando as mãos na bola.(Foto: Reprodução/Facebook Craque Neto 10)
Comandado pelo técnico Val, Irmãos Davoli revelou o meia Neto, na foto apoiando as mãos na bola.(Foto: Reprodução/Facebook Craque Neto 10)

Na década de 80, o clube ganhou mais projeção em competições regionais e estaduais infantis e juvenis. A equipe vencia torneios com clubes como Guarani, Ponte Preta e Corinthians. “Lembro que ganhamos final do Corinthians, que era um medo para todo mundo”, recorda Nkono, frisando que o Corinthians sabia quem era o Davoli até pela referência de Neto.

Nkono conta que Xuxa, Gentil, Digão e Joãozinho Zavarize foram para o Guarani, sendo depois convocados à seleção brasileira sub-15. Já Nkono e Benegas foram jogar no Meninos de Ouro, do ex-jogador Careca, indo depois ao Bragantino. “O Davoli virou referência”, ressalta.

Diversos atletas tiveram oportunidades no futebol profissional, como André Capone, irmão de Capone. Para André, o Davoli foi importante em termos de base e educação, pois era obrigatório estudar. “Quase todos jogadores depois passavam pela base do Mogi”, lembra.

Comandantes

Iniciada por Fuminho, a escolinha teve como treinador, desde a década de 70, Val, até hoje lembrado por Neto. Depois, veio Jair, reverenciado por ex-jogadores. Embora não fosse formado e não tenha sido atleta, aplicava fundamentos com muita qualidade, segundo os jogadores, até com treinos para goleiros aprendidos em revistas. “Na arte do futebol, de ser um mestre de ensino, ele se saía muito bem. Ele tinha um feeling de saber qual a posição ideal dos jogadores, era algo do Jair, muito interessante. Ele criou base em vários jogadores de hoje”, reverencia Didi.

Davoli representou o Brasil em Mundialito na Argentina

Uma viagem inesquecível para uma série de garotos levou à Argentina, em 1992, o Irmãos Davoli como o único representante brasileiro de um Mundialito envolvendo clubes do Peru, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, além do país-sede. A oportunidade surgiu em virtude de um convite.

Impressionados com a atmosfera dos estádios e sem realizar treinos no país, o Davoli foi eliminado ainda na primeira fase, com uma vitória e duas derrotas em três jogos. Enfrentar as equipes sul-americanas era diferente, lembra André Capone. “Eles tinham muito mais força do que a gente, eram bem maiores, uma pegada monstruosa”, compara.

Alex Vamp, Tupã e André Capone defenderam o Irmãos Davoli em torneio na Argentina, em 1992. (Foto: Diego Ortiz)
Alex Vamp, Tupã e André Capone defenderam o Irmãos Davoli em torneio na Argentina, em 1992. (Foto: Diego Ortiz)

A atmosfera influenciou. “Era diferente. O primeiro jogo foi 22h30, com 12 anos (de idade) e frio, ventando. Nunca tinha pegado um estádio assim, era redondo, de madeira, alto, estava lotado, estilo argentino, pessoal gritando, batendo panela, barulheira, pressão”, recorda Alex Vamp, admitindo que o time sentiu a pressão. “Era um clima de Mundialito. Isso não sai da memória”, contou Tupã.

Outro problema foi a dificuldade para treinar. O time chegou a treinar em um terreno baldio e fez físico em uma escadaria de uma praça. “Tudo influencia”, lamenta Alex.

Após o Mundialito, já mais adaptado ao país, o clube disputou outro torneio internacional na Argentina, na cidade de Neuquén. Primeiro, a equipe eliminou um time da casa, em dia inspirado de Cicinho, apelidado de Pelezito. “Ele era mulatinho e corria que nem um capeta”, relembra Vamp.

Depois, vitória contra os chilenos, antes de golear um time colombiano por 7 a 0 na decisão.

O convite para ir à Argentina surgiu para Tupã depois de conseguir o raro feito de derrotar o Davoli defendendo um time do Jardim Flamboyant. “O Davoli não perdia, ganhava todos. A gente foi campeão em cima deles e o Jair, treinador, me viu e foi em casa me convidar para ir para o Mundialito”, relembra.

Enquanto muitos ficarem felizes com a viagem, houve também quem se decepcionou por não ter sido levado. “Eu tinha tirado as medidas de agasalho, calçado, mas saiu a lista e meu nome não tava. Eu parei até de jogar no Davoli”, lamentou Rodrigo Mainho, sem guardar mágoas: “O Davoli foi um aprendizado pra vida, uma verdadeira escola”.

Viagem

Os garotos viajaram de avião e ficaram 20 dias na Argentina, aproveitando para passear, em uma espécie de intercâmbio. “A gente de família humilde, 11 anos, pegando voo para Argentina, parecia um sonho. Antigamente não era todos que andavam de avião”, lembra André.

Os meninos ficavam nas casas de famílias de outros times, com dois jogadores em cada residência. “O tratamento foi maravilhoso, falam que argentino não gosta de brasileiro, é balela, fomos tratados como filhos”, defende André Capone.

“A gente foi atração quando chegamos do Brasil”, ressalta Alex.

                           Ideia de partida nasceu por inspiração de um fato trágico

A ideia de realizar o futuro jogo foi do ex-jogador Ricardo Quarenta, inspirado na lembrança do acidente de moto do ex-atleta do time, Juninho, há 12 anos, que ficou tetraplégico. “A partir daí eu não consegui mais dormir. Em Mogi temos a mania de só homenagear alguém quando está morto, é uma cultura errada. A partir daí veio a ideia do jogo. Desde 2014, estou tentando reunir o povo. São mais de 20 anos que a gente não se via”, contou.

Quarenta foi o idealizador de jogo: reencontro e homenagens.(Foto: Diego Ortiz)
Quarenta foi o idealizador de jogo: reencontro.(Foto: Diego Ortiz)

Quarenta conta ter conversado com Pedro Júnior Davoli sobre a partida e Neto se propôs a jogar. A seleção brasileira máster deve ter Capone, Müller e Pavão, dentre outros. Neto deve jogar um pouco em cada time. O jogo deve ser disputado na chácara de Capone.

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