Na tarde de sábado, uma família passou minutos de tensão imaginando que tivesse perdido dois entes queridos. Douglas de Moraes Vicente, de 20 anos, e seu irmão mais novo, de 10 anos, foram arrastados pela correnteza quando estavam pescando sob a ponte que corta a Avenida Adib Chaib, sob a qual atravessa o Ribeirão Santo Antônio para desembocar no Rio Mogi Mirim.
De acordo com Douglas, por volta de 17h30 começou uma tempestade forte, e ambos permaneceram no local, se abrigando da chuva. Entretanto, o nível do ribeirão subiu repentinamente, sendo que ele ligou para a mãe, Margarete Moraes Pereira, avisando que ambos estavam “ilhados”.
Em seguida, a água subiu ainda mais, sendo que o rapaz segurou o irmão com uma das mãos e com a outra, a bicicleta. “Tentei segurar o máximo que pude, mas não agüentei, soltei a bicicleta e acabamos sendo levados pela correnteza”, conta.
Enquanto eles eram arrastados pela água, a esposa de Douglas chegou ao local, avisada pela sogra, junto com os bombeiros da Brigada de Incêndio de Mogi Mirim. Ao ver apenas a bicicleta do marido sob a ponte, ela se desesperou, e os bombeiros iniciaram a busca pelas vítimas.
Após cerca de 40 minutos, Douglas apareceu no local, mostrando que estava vivo e tranquilizando a mãe e a mulher. “A água levou a gente por uns cem metros, até que eu consegui nadar até a margem e agarrar no mato, saindo do rio e tirando meu irmão”, relatou. Após sair do perigo, ele levou o irmão para casa e foi avisado de que seus familiares e bombeiros procuravam por eles no local, então retornou à ponte.
Quando chegou, recebeu calorosos abraços da mãe e da esposa, ainda chorando por causa da forte emoção, mas aliviadas por tudo não ter passado de um susto.
A equipe de bombeiros que realizou as buscas registrou a ocorrência e resgatou a bicicleta que ficou presa na vegetação que margeia o Ribeirão Santo Antônio.
Todo cuidado é pouco
Nos dias quentes, muita gente procura algum lugar para se refrescar ou pescar, como piscinas, lagos, lagoas e rios. O problema é que se as devidas precauções não forem tomadas, o que deveria ser divertido pode ficar perigoso. Só no mês de novembro, três pessoas foram encontradas mortas por afogamento no Rio Mogi Guaçu.
De acordo com o bombeiro socorrista Alexandre Salzani, um dos principais fatores que acabam levando à imprudência na água é o excesso de confiança. “É muito raro ver pessoas que não sabem nadar morrendo afogadas. Geralmente são pessoas que sabem nadar e dispensam qualquer precaução para entrar na água”, explica. Para quem não sabe nadar, água até o joelho é o nível mais seguro, diz Salzani.
Evitar bebida alcoólica e refeições pesadas antes da atividade na água é outra dica, já que o álcool prejudica os reflexos e a digestão diminui a energia no corpo. Saltos e brincadeiras de afundar também são desaconselhados pelo bombeiro.
Locais onde a água esteja barrenta e não seja possível enxergar o fundo oferecem mais riscos, já que troncos podem estar escondidos da visão e buracos podem alterar a profundidade repentinamente.
Crianças nunca devem ficar desacompanhadas na água e precisam usar bóia ou colete salva-vidas, assim como quem estiver em algum tipo de embarcação. “Vale lembrar que o condutor do barco precisa ser habilitado”, reitera.
Afogamentos
Na manhã do dia 16 de novembro, um sábado, um corpo foi retirado do Rio Mogi Guaçu pela equipe de bombeiros. O cadáver estava perto da ponte sobre a Rodovia SP-340, próximo à empresa International Paper, local onde dias antes outro homem morto não identificado foi localizado.
No início do mês, o vinhedense Paulo Ricardo Valeriano Santos, de 23 anos, morreu afogado no mesmo rio. Ele estava em Mogi Guaçu para visitar a família da namorada e acabou afundando na água, sendo encontrado após 48 horas.