Em nova visita ao Boteco, o triatleta Ivan Albano recorda como começou no Ironman, logo pelo Mundial do Havaí, e relembra a correria quando se deparou com um terremoto.
Boteco – Como foi seu primeiro Ironman?
Ivan – O primeiro Ironman que eu fiz foi da seguinte forma: eu morava nos Estados Unidos. Fui morar lá para aprender inglês, estudar e trabalhava e treinava triatlo olímpico. Fui para San Diego onde era a meca do triatlo e todos os campeões mundiais estavam lá treinando, eu queria estar com o pessoal. E aí ia ter uma prova perto de São Francisco, Meio Ironman. Fui nessa prova, era um festival sexta, sábado e domingo. Eu deixei para fazer a inscrição muito perto da prova e do triatlo olímpico tinha acabado, só sobrou o Meio Ironman. “Meio Ironman eu nunca fiz na vida, como vou fazer?”. O treinador falou: “vai lá para você curtir”. Era o dobro da distância que eu fazia. Mas aí fui lá, não é que eu ganhei a prova no geral? 1 mil atletas, eu ganhei o Amador inteiro?
Boteco – Como foi a repercussão?
Ivan – Eu ganhei a vaga para o Ironman do Havaí. Eu cheguei três minutos atrás do Alexandre Ribeiro, profissional. Ele falou: “você teve resultado de profissional, você tem que pegar essa vaga que vale mais que ouro”. Primeiro Meio Ironman da minha vida, como eu vou fazer um Ironman? Não tem condição, cara. Era daqui quatro meses.
Boteco – Quem te incentivava?
Ivan – Meu pai, eu fazia uns biquinhos, mas quem me sustentava era meu pai, na faculdade, tudo. Aí eu peguei essa vaga e ali era outra cultura do esporte. Quando ganhei o Meio Ironman, cheguei para treinar no dia seguinte na universidade, já me deram bolsa, me colocaram na equipe top, começou uma vida maior, aí que eu deslanchei mesmo. Aí cheguei no Ironman do Havaí, fiz 10 horas, que é um tempo excelente para começar. Aí falei: “esse tipo de prova vou fazer pro resto da vida, viciei”. Aí foram mais 26 Ironmans. Do Havaí eu fiz cinco, o Mundial.
Boteco – Alguma história no Havaí?
Ivan – Em 2006, fui lá, fui o único profissional nesse ano lá, teve até terremoto, quase não aconteceu a prova. Mas a ilha é demais. Eu lembro que a dona da casa que eu estava, a piscina dela fazia onda, ela parada no batente da prova, passei por baixo dela, saí correndo no meio da rua. Fui pra rua. Ela falou: “fica aqui que é mais seguro”. Eu não queria nem saber. Porque aqui tem a praia e eu fiquei mais pra parte de cima, perto do vulcão. E quando dá terremoto, corre o risco de ter tsunami. E tinha um amigo que estava num hotel seis estrelas: “vou sair desse hotel e ir pra sua casa, que é mais perto do vulcão”. Eu falei: “se der alguma coisa errada, vai cair larva em cima da gente. Ou morre queimado ou afogado, não tem muita escolha, não (risos)”. Mas graças a Deus não aconteceu nada.
Boteco – Alguma curiosidade do Ironman Brasil quando era em Porto Seguro? Era muito diferente o clima por ser Bahia?
Ivan – Totalmente, curioso, aqui a gente toma muita Coca por causa da cafeína para dar uma ajudada, uma ligada, por causa do açúcar também. Lá em Porto Seguro, não sei se o negócio é mais devagar, eles davam Coca na lata para gente, fechada. Então você imagina pedalando, sentado na bicicleta, equilibrar o clip que tem para descansar as costas, pega uma lata, fechada, como vai abrir aquele negócio (risos)? Era difícil. Você tinha que tirar a mão do guidão, você pensava duas vezes em tomar essa Coca.
Boteco – Ivan volta para o último capítulo de seu bate-papo, abordando sua passagem do skate para o triatlo e a valorização do triatleta brasileiro no exterior.