De volta ao Boteco, Ivan Albano recorda o convite e as loucuras na preparação para o UB515, de 2014, o primeiro Ultraman da América Latina, vencido pelo triatleta mogimiriano. A prova com duração de três dias teve 10 quilômetros de natação, 421 de ciclismo e 84 de corrida.
Boteco – Como foi o convite para o Ultraman?
Ivan – Você não vai acreditar. Foi bem inusitado. Eu estava em um passeio ciclístico na Holambra, minha esposa trabalha lá, levei meu filho para prestigiar. Ele tem cinco anos e já pedala sem rodinha, ele ia pedalar no circuitinho, minha esposa ia pedalar num circuito maior. E eu acompanhei ele nos cinco quilômetros, pedalando do lado. Depois chegamos, tomamos um suco de laranja e ia ter churrasco de confraternização. Eu estava tomando uma cervejinha, tocou meu telefone, era o organizador do Ultraman do Brasil, Alexandre Ribeiro, ganhou 6 vezes o Ultraman no Havaí: “faço questão de te convidar, vai ser o primeiro da América Latina e você vai ter que estar aqui”. Eu pensei, como? Ultraman? Eu nunca tinha pensado nisso de fazer essas metragens. Aí minha esposa falou: “você vai ter que fazer, você já fez Ironman, capacidade você tem, se você treinar”. Aí eu falei: quer saber de uma coisa? Então vamos começar agora o treinamento. Já tinha tomado umas quatro latinhas. Falei: vou voltar correndo de Holambra até Mogi.
Boteco – Falou brincando?
Ivan – Brincando, não. Eu saí do meio do churrasco e voltei. Falei para a esposa, que estava de carro com meu filho: “dá um tempo e vai me levar água no meio do trajeto”. Deu quase 2 horas e pouco correndo. Cheguei aqui, falei: “agora vou fazer esse negócio”. Encanei, é tudo coisa da cabeça. Teve outro treino que fiz para essa prova que meus alunos iam competir em Serra Negra, mountain bike, no domingo. Aí eu falei: “vamos sair no sábado, a gente fica num hotel”. Mas falei pro chefe da equipe: “você vai me acompanhando pela estrada, parando a cada 5, 10 quilômetros, me dando hidratação e eu vou correndo daqui lá”. Saí da porta de casa, corri 56 quilômetros até Serra Negra, sem parar.
Boteco – Quando você conta para os amigos, o que falam?
Ivan – Falam que é coisa de maluco, não dá para ser normal. Você está num churrasco em Holambra, sai correndo até Mogi Mirim? Eu mesmo tem hora que eu acho que não sou normal.
Boteco – O convite e a conquista do Ultraman também foram especiais por ter sido depois do problema do doping?
Ivan – Sem dúvida, porque na verdade, hoje em dia eu agradeço o que aconteceu, acabou sendo bom. Para mim quem realmente me conhece, sabe o que aconteceu, não preciso falar, nunca precisei de nada, quem me conhece sabe o quanto que eu me dedico no esporte. Esta prova fiz para não ganhar dinheiro nenhum. Então página virada, bola para frente, mas o que eu tirei disso tudo? Hoje tenho minha assessoria, sou formado (pela mudança de foco no período em que esteve impedido de competir). Então é aquele ditado, há males que vem para o bem. E isso provou mais ainda para mim mesmo que sou capaz, não preciso de nada, de substância nenhuma para fazer o que eu fiz. O sujeito que está no meio de um churrasco, depois de tomar cerveja e consegue correr 40 quilômetros já é um sujeito que eu mesmo tiro o chapéu.
Boteco – E como foi ter participado da Caminhada de Boteco?
Ivan – Depois da caminhada ainda tive que correr um pouco mais, fui correndo para casa para não chegar ruim. Cheguei em casa, fui correndo pro Recanto, tomei uma sauna e fiquei bom, achei bacana. Tem até uma corrida em São Paulo, mas aí é corrida mesmo, parando nos bares. Aí já é competição.
Boteco – Ivan volta com mais bate-papo sobre o triatlo!