Felipe Vidolin
Neste ano a economia brasileira talvez tenha passado pelo fundo do poço entre os meses de maio e junho, após sucessivas quedas dos preços das principais commodities, como minério de ferro e petróleo no mercado internacional. Depois de toda a influência política em nossa economia, parece que o pior está ficando para trás. Mesmo com uma possível precificação de queda do presidente da república, Michel Temer, o enfraquecimento perante seus aliados e a opinião pública, a escolha de Raquel Dodge para a presidência da Procuradoria Geral da República (PGR) como manobra de retaliação e a tentativa de enfraquecimento por parte do governo ao atual líder da Procuradoria Geral da República Rodrigo Janot, o cenário econômico nacional parece que respira sem ajuda de aparelhos e com boas perspectivas de melhora.
Nessa semana, mesmo com todos os fatores políticos ainda nos influenciando, vimos que o mercado começou a ensaiar uma reação. Nossas principais commodities negociadas no mercado nacional, no caso, o minério e petróleo, tiveram uma semana de expressivas altas influenciadas principalmente pelos preços muito abaixo de suas cotações normais. Isso alavancou o índice da bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa, que voltou a bater na casa dos 62 mil pontos, indicando uma clara tendência de alta para os próximos dias, caso não haja novas interferências políticas.
Alguns dos fatores extra econômicos indicam essa possível retomada de nosso crescimento. Um deles é o andamento da reforma trabalhista que saiu vitoriosa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mesmo com o governo enfraquecido, fazendo com que a proposta seja levada agora para o plenário. Outro fato importante foi a sinalização da equipe econômica mostrando que, independente da aprovação das reformas, este não será fator determinante para atingir a meta da inflação dos próximos anos, com previsão para 2019 e 2020 de 4,25% e 4,00%, respectivamente, abaixo do centro da meta da inflação estabelecido há alguns meses.
Esse último fato gerou bastante confiança no cenário econômico brasileiro, uma vez que a última revisão da inflação que tivemos foi exatamente há 14 anos. Oferecer uma inflação abaixo da meta é, sem dúvida, a melhor contribuição que a equipe econômica pode nos oferecer para que tenhamos condições e ferramentas de um crescimento sólido e sustentável.
Por fim, a notícia de que o Brasil crescerá algo em torno de 0,5% esse ano, não agradou a todos, pois antes de todos esses acontecimentos políticos, a meta de crescimento era bem mais arrojada. Mas, por outro lado, entre 2015 e 2016, tivemos quase 8% de queda em nosso Produto Interno Bruto (PIB). Então, se olharmos com otimismo, esse 0,5% que possivelmente cresceremos esse ano, não chega como uma má noticia, e sim, como uma possível retomada econômica.
Felipe Vidolin, pós-Graduado em Engenharia de Telecomunicações e investidor