De volta ao Boteco, o ex-meia Jean Carlo relembra momentos e curiosidades com Edmundo, Leão e Amaral, e conta porque a chegada de Rivaldo provocou sua saída do Palmeiras.
Boteco – Você se dava bem com Edmundo?
Jean Carlo – Edmundo era uma mãe, uma moça. Em campo, ele se transformava. Muito gente boa. Somos nascidos no mesmo dia, mesmo mês e ano. Eu fiquei concentrado com ele no Japão, 15 dias no quarto. Decente, brincalhão, palhaço.
Boteco – Lembra de alguma história com ele?
Jean Carlo – Teve a vez que ele descobriu que tinha um filho com a Cristina Mortágua. Eu ligava pros meus parentes no Brasil e eles falaram: “Hoje, a mulher vai falar o nome do pai do filho dela na Hebe”. Aí eu falei: “Edmundo, a mulher vai falar lá quem é o pai do filho dela”. E ele: “é mesmo, vai falar?”. Todo preocupado. Aí na outra semana: “E aí falou?”. “Falou, mas não falou o nome. Falou que é carioca, joga em São Paulo e jogou no Vasco”. E no Palmeiras tinha Mazinho, Sorato e ele que tinham jogado no Vasco. Aí ele falou assim: “falou o nome?”. “Não”. “Pô, graças a Deus, não falou nada, então, que alívio”. Ele era casado. Aí depois que ele veio pro Brasil, que resolveu a situação.
Boteco – Alguma história divertida com Amaral?
Jean Carlo – As histórias de coveiro, ele contava no almoço. Roubava meia dos defuntos. Quando o sapato era bom, ele pegava, trocava bom pelo ruim. A gente morria de rir.
Boteco – Quando vocês saíam, gostavam mais de pagode?
Jean Carlo – Era mais pagode, tinha um bar do Leivinha, eu ia muito lá, mais família, perto do Palmeiras. Tinha na época Lambar, jogadores de todos os times, pagode, tinha lambada na época. Maioria acabava jogo, ia pra lá.
Boteco – Você pegou a chegada do Rivaldo no Palmeiras?
Jean Carlo – Com a chegada dele, eu saí, porque eu ia permanecer mais um ano no banco. Eu ia jogar se o Rivaldo não chega. Eu tava treinando de titular, na quinta-feira o Rivaldo chegou, no sábado o Vanderlei me chamou que o Seo Ênio Andrade me queria no Cruzeiro. Aí falei: “beleza, posso pensar até a noite?”. Só que sábado o dia inteiro, o presidente do Cruzeiro já tava me ligando. Foi que eu acertei e cheguei pro Vanderlei pra falar que eu ia pro Cruzeiro. Ele não queria que eu fosse. Ele falou: “Seu melhor momento no Palmeiras é agora”. Porque realmente a gente tinha feito uma excursão na Rússia e Japão, eu tinha ido muito bem. Ele falou: “Se eu fosse você eu ficava”.
Boteco – Se arrependeu de ter saído?
Jean Carlo – Foi bom porque eu casei em Belo Horizonte, eu falo que fui para Minas para casar. Porque o time foi mal.
Boteco – Como foi a convivência com o Leão no Juventude?
Jean Carlo – Ele me levou pro Atlético-PR no outro ano. Fiquei 15 dias batendo falta e escanteio de perna esquerda porque ele achava que eu era canhoto e eu com medo de falar. Ele falou: “Bate de esquerda”. Porque achava que era canhoto. Quando passaram 15 dias que eu percebi que ele gostou de mim, fui falar: “professor, sou destro, não sou canhoto, não. “E por que você não falou?”. “Eu não, falaram que a gente tem que obedecer o que você manda”. E eu batendo bem escanteio e falta de esquerda, até eu tava me estranhando. Foi muito engraçado. Ele me levou pro Atlético, depois queria me levar pro Japão, mas eu era da Parmalat ainda e era muito caro.
Boteco – Jean Carlo retorna para relembrar curiosidades do histórico fim da fila palmeirense com a conquista do Campeonato Paulista de 1993, com direito a final contra o Corinthians, de Viola.