De volta ao Boteco, o árbitro Luiz Gonzaga Monteiro de Faria Júnior, o Juba, revela histórias inusitadas do mundo da arbitragem.
Boteco – Muitas histórias curiosas vivenciadas nos jogos?
Juba – Teve árbitro assistente que chegou no intervalo, pegou o revólver e apontou pro árbitro central. Porque o assistente levantou dando impedimento, o árbitro central mandou ele abaixar duas vezes e estava impedido. “Então você quer trabalhar sozinho, você vai trabalhar sozinho”. E apontou o revólver pro árbitro. Tem várias coisas.
Boteco – Com você já ocorreu algo engraçado?
Juba – Tem um árbitro que fez um jogo comigo. E ele tinha que pegar o relatório na Federação. E ele combinou com a assistente, que era muito bonita, na frente da Federação para ela vir com ele até o jogo. Aí ele chegou na Federação, nunca tinha feito jogo com essa moça, ficou impressionado, pôs a moça no carro, tudo, e simplesmente esqueceu o relatório em São Paulo. Chegou na cidade onde a gente ia fazer o jogo sem relatório, sem súmula, sem nada. Aí eu falei: “cadê o relatório”. Ele: “p… esqueci”. Tivemos que correr atrás de súmula, aí a gente já começou a conversar: “a gente já sabe porque você esqueceu”.
Boteco – Já aconteceu de você esquecer algum equipamento?
Juba – Eu não, mas recentemente teve uma equipe de arbitragem da CBF que foi fazer um jogo do Brasileiro da Segunda Divisão em Bragança Paulista, eu estava em Bragança fazendo um jogo pelo Sindicato. E o árbitro e os assistentes esqueceram a bandeirinha, ninguém tinha. E a gente estava em Bragança, o pessoal correu na associação, um dos que estava com a gente emprestou a bandeirinha pra equipe fazer o jogo. Deu sorte de a gente estar lá.
Boteco – Você confere tudo antes?
Juba – Eu tenho um ritual de um dia antes acertar a camiseta, shorts, meias, chuteiras, tênis, cartões, apitos, moeda, colocar para carregar a bandeira eletrônica. Já deixo tudo pronto à noite quando eu faço jogo de manhã. Quando eu faço à noite, já deixo certo tudo de manhã.
Boteco – O trio usa o WhatsApp para conversar antes dos jogos?
Juba – Saiu a escala, é montado o grupo dos que vão para a partida. Quando é profissional, todos os jogos da Federação têm um carro que sai de São Paulo e sempre tem um árbitro que é de São Paulo ou do grande ABC, das cidades próximas. Para que ele retire o relatório e o computador da partida, às vezes tem que levar bola. Então eu vou fazer um jogo em Limeira, saiu um carro de São Paulo, eu não preciso ir até São Paulo para vir até Limeira. A gente já se organiza.
Boteco – Já teve algum erro em que ficou bem chateado?
Juba – Teve um jogo Corinthians e Flamengo, de Guarulhos, sub-13. Tava 1 a 0 pro Corinthians. No último lance do primeiro tempo, o garoto do Flamengo dominou a bola no meio, na hora que eu fui apitar, ele meteu um lançamento. Eu acabei o jogo, a bola caiu no peito do centroavante, ele e o goleiro, em posição legal. Só que eu já tinha terminado a partida. Se eu segurasse um pouquinho, o centroavante poderia ter empatado o jogo. Fiquei um pouco chateado. Não que seja um erro, mas eu poderia esperar aquela situação.
Boteco – E o pessoal foi reclamar?
Juba – Na hora que eu fui sair ali em Guarulhos, o vestiário do árbitro tem que passar embaixo da arquibancada da torcida do Flamengo, ali eu fui um pouquinho hostilizado, sim (risos).
Boteco – Juba volta para contar curiosidades dos jogos de futebol feminino e abordar como está próximo de apitar partidas do Campeonato Paulista da Série A-1.