Dias desses estava com um grupo de mães fazendo almoço para a molecada que estava trabalhando num projeto de arrecadação de alimentos. Tudo ia bem até que recebemos uma doação de laranjas e a missão de transformá-las em um suco natural.
Para não nos pegar mais de calças curtas, a mesma pessoa que doou já levou o espremedor, daqueles bem profissionais e potentes, sabe? Eu nunca usei um desses, só daqueles ‘caseirinhos’, que parecem que vão parar de funcionar a qualquer momento. Embora sem experiência, muito prestativa que quis ser, fui logo me posicionando.
Enquanto montava a máquina, uma das mães que estava ao meu lado mostrou que havia arrancado parte da unha, naquelas mordidas que a gente dá quando tem uma lascadinha. Como olhei de relance, com a pressa de quem precisa cumprir a tarefa, tive a impressão que havia perdido a ponta do dedo.
Equipamento montado, assim que liguei ouvi de longe alguém avisando “cuidado, ele é rápido” enquanto na emenda já veio “fica esperta que as laranjas voam longe”. Adivinhem? Somem a unha comida + o alerta + a pressa = dei show. A primeira laranja deve estar chegando em Marte por agora. A segunda soltei fora de hora, foi parar aparelho adentro enquanto o “girador” batia forte em minhas falanges.
Claro que levei com humor, que rimos muito pelo resto do dia e ainda o faço quando lembro, mas essa história me fez pensar quantas vezes, por uma experiência nossa, influenciamos na vivência de quem está perto, por melhor que seja a intenção. É quando você está com frio e quer que o outro vista blusa. Ou quando temos uma opinião formada sobre alguém e a vendemos como verdade, tomando do outro o direito de conhecê-la com seus próprios olhos.
Um outro exemplo bobo, mas que acontece sempre lá em casa, é quando estou guardando o carro na garagem. Eu dirijo faz 20 anos e não tenho dificuldade de estacionar, mas o Alisson insiste em dizer como eu devo virar o volante e o que acontece é que não fica nem do meu jeito e nem do dele, fica atrapalhando no meio do caminho.
Gosto demais da frase “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. Ela reflete um universo ilimitado de possibilidades já que se ainda não sabe, vai criar um caminho, o seu caminho e realizar da forma que se sinta apto e confortável.
Mas há o lado de lá também, o inverso, o de não se deixar influenciar. Como é que uma dona de casa experiente se descompensa com um eletrodoméstico nada letal? Eu poderia não ter me importado, mas às vezes acontece e por isso é tão importante estar cercado de pessoas a quem admira e em quem confia.