Prestes a completar um ano da demolição do Casarão Amarelo, localizado entre as Ruas Chico Venâncio e Acrísio da Gama e Silva, no Centro, Mogi Mirim ainda não possui uma lei que coíba a destruição de prédios históricos desde então. Embora a comoção popular e o apelo de órgãos ligados ao patrimônio histórico tenham se manifestado fortemente, ações que coíbam este topo de situação esbarram na burocracia da Prefeitura.
Isso porque o Centro de Documentação Histórica Joaquim Firmino, no início do mandato do prefeito Luis Gustavo Stupp (PDT) já havia tomado providências junto à Gerência de Cultura e Turismo para que fosse criada uma lei que delimite a demolição de prédios históricos.
“Entregamos para o André Mazon (então gerente da pasta na época) a minuta de um projeto de tombamento de prédios históricos, estabelecendo uma lei para isso. Assim que tomaram posse do documento, disseram que seria analisado pelo departamento jurídico para depois ser enviado à Câmara. Mas não saiu nada”, explicou o presidente do Centro de Documentação, Valter Polettini.

Consultada pela reportagem se a lei estava sob análise e poderia ser criada nos próximos meses, a Prefeitura não se manifestou. A implementação da lei, que já existe em Jaguariúna, é de suma importância na avaliação de Polettini, já que através dela haverá um mapeamento dos prédios que poderiam ou não ser demolidos na cidade. “Após a criação dessa lei de tombamento, faríamos uma segunda lei estabelecendo o centro histórico da cidade. Mas o município não fez nada, a Prefeitura não se interessou e é uma pena que tudo tenha parado”, desabafou o presidente.
Até hoje passar pela região do antigo casarão não é tarefa fácil para Polettini. “É triste, você tinha um referencial, e hoje o que tem é um terreno abandonado. Sugerimos até que fosse feita uma indicação do prédio ali, mas nada foi feito”, completou.
Lembrança segue viva na memória de historiador
No dia da demolição do Casarão Amarelo, na manhã de 22 de outubro do ano passado, uma das cenas mais emblemáticas em meio aos trabalhos de uma retroescavadeira e homens, era a imagem do artista plástico Toride Sebastião Celegatti na frente do terreno, pasmo com as cenas que via naquele momento. Um ano depois, as tristes lembranças ainda continuam. “Até hoje passo ali, fico olhando e dá aquele sentimento de que não vai ter mais aquilo. A demolição ficou marcada, é uma recordação que vai ser difícil para o povo esquecer”, contou.

Assim como Valter Polettini, Tóride enxerga a criação de uma lei como única solução para que as demolições não voltem a acontecer. “Precisa criar essa lei para preservação, tomar providências para conseguir preservar os outros prédios”, observou.