De volta ao Boteco, a medalhista de bronze dos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, na prova de revezamento 4×100 do atletismo feminino, Lucimar Moura, recorda o ato de indisciplina cometido para abordar o ídolo Bolt.
Boteco – Algum fato te marcou, curioso, em Pequim, tanto nos treinos, na disputa ou mesmo fora, na Vila Olímpica?
Lucimar – Ah, nos treinos, sim, a gente vê vários atletas importantes perto da gente, tivemos a oportunidade de tirar foto com o Bolt.
Boteco – Como foi?
Lucimar – Era um momento que ele tinha acabado de fazer algum aquecimento, aí ele sentou na pista, no setor ali do salto em altura e ficou ali descansando. E a gente tava treinando o revezamento e a gente também estava na nossa pausa. “Nossa gente, vou ali tirar foto com o Bolt”. Aí nosso treinador xingou a gente ainda: “Não, vocês têm que ficar focadas aqui, nos seus trabalhos, no revezamento”. Aí a gente pensou assim: “não, o homem tá ali de bobeira”.
Boteco – A oportunidade é agora?
Lucimar – A oportunidade é agora, se a gente não tirar essa foto, quando que a gente vai tirar? Então a gente nem obedeceu o treinador e fomos lá, nós quatro, cada uma tirou uma foto individual, ele foi muito bacana, tirou foto com a gente, então foi um momento de distração, de conhecer a Vila, de Pequim. Eu já fui pra Olimpíadas de Atenas, em 2004, então é outra harmonia, para saber a diferença de uma Olimpíada pra outra. E também na China tem o famoso que lá tudo é mais barato, saímos pra comprar, fizemos compras, uma lembrancinha pra cada um da família, então, assim, essas são as coisas extras que acontecem no esporte.
Boteco – O que te marcou em Atenas?
Lucimar – Marcou pelo fato de estar ali presente onde tudo começou nos Jogos Olímpicos. Eu já tinha participado do Mundial em Atenas, em 99, conheci o Coliseu, tudo demais, mas estar ali presente nos Jogos Olímpicos, onde… Ia ter ali uma prova, acho que o peso, perto do monumento dos Jogos Olímpicos, foi bastante gratificante pra mim como atleta.
Boteco – Durante sua carreira, você teve que abrir mão de muita coisa, ter muita disciplina ou você conseguia se divertir também?
Lucimar – Através do esporte, eu lembro que a primeira frase de quando eu comecei a treinar com meu treinador, ele falou assim: “Lucimar, você tem que ser uma boa filha, em casa, melhor com seus pais, com seus amigos, na sua escola, na sua rua, então você tem que saber respeitar, lidar com as pessoas, ser humilde”. Isso o esporte me proporcionou. E durante esse tempo, eu sempre fui uma pessoa bastante consciente naquilo que eu estava fazendo, eu aprendi a lidar com saber perder, saber ganhar, socializar melhor com as pessoas.
Boteco – E às vezes tinha que abrir mão de uma festa, de comer alguma coisa que você queria?
Lucimar – Ah, lógico, muitas vezes tinham festas que a gente não podia ir, porque tinha treinamento para amanhã. Eu também, eu casei em 2000, em 2003 eu fui pra São Paulo, eu deixei a minha família que eu estava recém-casada, eu deixei meu marido e fui pra São Paulo, a gente teve que abrir mão de algumas coisas, eu sou de Minas Gerais e fiquei em São Paulo longe da minha família.
Boteco – Valeu, Lucimar!