Medalhista de bronze dos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, na prova de revezamento 4×100 do atletismo feminino, Lucimar Moura viveu, ao lado da equipe brasileira, a decepção de ficar sem a medalha nas Olimpíadas e a surpresa de recebê-la oito anos depois, após punição imposta à equipe russa por doping. Em conversa com o Boteco, Lucimar fala de como encarou a notícia de que poderia receber o bronze e da festa com a conquista.
Boteco – Quando vocês ficaram em quarto lugar, você tinha alguma esperança de que aquele bronze ainda chegaria?
Lucimar – Olha, eu brinco que como eu sou mineira, eu só acredito vendo. Então, na época que começou a surgir o boato de que o Brasil poderia conquistar o bronze, eu lembro que um amigo meu me mandou um link: “olha a Rússia é suspeita de ser pega no doping”. Eu disse: “ah, Sandro, isso não vai acontecer, não, com o Brasil, isso acontece com as outras pessoas. Não é possível que vai acontecer com a gente”. Ele disse: “não, Lucimar, pessoal tá investigando”. Aí pessoal foi aprofundando e foi chegando ao fato mesmo que a Rússia foi pega no doping. Mas mesmo assim, naquele fundinho assim, eu ficava ainda pensativa: “será que a gente vai conquistar essa medalha de bronze? Será que a gente vai conquistar essa medalha ou não?”.
Boteco – Mas na época, lá em Pequim, você não tinha nenhuma esperança?
Lucimar – Essa época, não, ficamos em quarto.
Boteco – Como foi ficar por pouco para ganhar o bronze?
Lucimar – Nossa, foi assim: nós batalhamos bastante, a gente estava focado em entrar na final. Depois que nós conseguimos entrar na final, o objetivo era conquistar uma medalha, então, lógico, ficamos chateados porque o quarto lugar ninguém reconhece. É a mesma coisa que perder o terceiro, quem está em segundo perde a medalha de ouro. Então, a gente ficou bastante chateado com esse resultado, saímos frustrados, mesmo sabendo que era um resultado bom para o Brasil, para o revezamento, o quarto, mas a gente queria naquele momento ter conquistado alguma medalha para subir no pódio, ver a bandeira do Brasil ser erguida, acho que é o sonho de todos os atletas que estão em períodos competitivos, é subir ao pódio, ainda mais nos Jogos Olímpicos, dar uma volta olímpica, ia ser uma medalha inédita para o Brasil, para o revezamento feminino, pra modalidade do atletismo. Ia sair com duas medalhas olímpicas dos Jogos de Pequim.
Boteco – E como foi depois de tantos anos ganhar uma medalha de bronze, como foi a festa, poder comemorar isso com a família, teve alguma história curiosa?
Lucimar – Foi bastante legal, o clube onde eu me revelei, a Usipa, depois que eu recebi a medalha em 29 de março (de 2016), eu voltando, eles fizeram a maior festa pra mim na cidade. Eles falaram assim: “nós vamos preparar uma festa como se você estivesse voltando das Olimpíadas de 2008”. Então quando eu voltei do aeroporto, estava lotado de crianças de várias modalidades do clube, natação, judô, futebol, os professores, funcionários, o prefeito estava presente, alguns patrocinadores de quando eu iniciei estavam também presentes, fizeram a maior festa. Desfilei de carro de Bombeiros pela cidade, eu até brinquei: “é, hoje eu parei o trânsito de Ipatinga”. Minha família, meu marido, minha filha também estavam presentes. Eu adorei aquilo, fizeram eu voltar atrás como se estive em 2008.
Boteco – Lucimar volta para contar curiosidades dos Jogos de Pequim e a indisciplina cometida para abordar o ídolo Bolt.