Acusados pelo presidente do Mogi Mirim, Luiz Oliveira, de falsificação documental de fichas de filiação de sócios, opositores prestaram depoimento à Polícia Civil, na quinta-feira. Os depoimentos foram prestados em inquérito policial instaurado a pedido do Ministério Público, em 2017, após representação de Luiz contra os opositores na promotoria.
Os depoentes integraram uma chapa que se considerou eleita, após um grupo de pessoas que se consideram sócios ter destituído Luiz da presidência, com Rogério Manera tendo sido eleito novo presidente. A validade da destituição com eleição da nova chapa é discutida na Justiça. Os documentos apontados por Luiz como falsos foram apresentados após a juíza Maria Raquel Neves negar reconhecer a destituição por considerar não ter havido comprovação da condição de sócios dos autores. Outra acusação foi sobre Manera ter obtido um extrato da conta bancária do clube se apresentando como presidente. Em depoimento, Manera admitiu ter retirado o extrato, visando conhecer a situação financeira do Mogi, pois alega que na época era presidente, inclusive com a ata de eleição sido registrada em cartório e analisada pelo departamento jurídico do banco.
Além de Manera, prestaram depoimento os integrantes da chapa que se considerou eleita Ernani Luiz Gragnanello, Henrique Stort, Cristina Mansur, Luiz Guarnieri, Tiago Durante, Antonio Rafael Assin e Marco Aurélio Pinto. Ainda serão chamados Cristiano Rocha, na ocasião eleito vice-presidente, e o ex-vice-presidente do clube, o empresário português Victor Simões, que chegou ao Mogi na chapa de Oliveira, mas depois rompeu com o dirigente.
As fichas de filiação apontadas como falsas por Oliveira são datadas de 17 de dezembro de 2015, período em que Victor ficou como presidente do clube, por dois dias, após afastamento revertido de Luiz. As fichas têm a assinatura de Victor. Luiz reassumiu no dia 18. Entre os nomes, o único que não teve a ficha questionada foi Stort, cuja proposta de sócio é antiga. Porém, Stort foi questionado por ter reconhecido a condição de sócios dos demais, o que reiterou à Polícia Civil. No depoimento, Stort chegou a mostrar uma antiga carteirinha de vice-presidente, condição que para ser exercida exige a condição de associado.
O depoimento de Luiz foi dado à Polícia por carta precatória, com o dirigente ouvido em Guarulhos. Nos depoimentos de quinta-feira, ao escrivão ad hoc Junio de Jesus Coutinho Souza, os opositores garantiram que eram sócios antes da gestão Oliveira e que preencheram uma nova ficha, assinada por Victor, pois Luiz teria desaparecido com as documentações antigas de associados.
Após a fase de depoimentos, o delegado Paulo Roberto Agostinete irá concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público. A promotoria poderá arquivá-lo ou oferecer denúncia à Justiça contra os opositores. Há ainda a possibilidade de o MP acionar contra Luiz por denunciação caluniosa se considerar que houve falsidade nas acusações. Nos depoimentos, os opositores disseram ter conhecimento da tramitação de processos contra Luiz por gestão fraudulenta.