No último capítulo de suas histórias no Boteco, o hoje advogado Luiz Gonzaga Monteiro de Faria recorda confusões como torcedor em jogos da Tucurense e Mogi Mirim.
Boteco – Como foi a famosa briga no Tucurão?
Gonzaga – Pau, pau, pelo amor de Deus. Final Tucura e Vila Dias lá no Tucurão (em 1993). Nós estávamos precisando do empate. E o cara chutou e a bola caiu no alambrado, pro lado de cá da arquibancada. E eu fui catar a bola para jogar depressa pro lateral bater. Desceu um cara da Vila Dias da arquibancada e chutou minha cara. Eu fiquei uma semana tomando sopa de canudinho. O pessoal do Tucura veio, acabou com tudo, levaram “uns par” de negos presos.
Boteco – Bastante gente foi presa? Tinha polícia?
Gonzaga – Uns quatro ou cinco. Na época o capitão e comandante da Polícia Militar era Capitão Getúlio, do Mirante. Ele tinha feito faculdade comigo e com meu cunhado.
Boteco – E você? Eles não te levaram junto?
Gonzaga – Levou dois do Tucura e dois da Vila Dias, inclusive o irmão do Capitão Getúlio era da turma da Vila Dias. Aí batendo papo, porque eu gostava muito dos irmãos do Capitão Getúlio, que eles faziam o meio de campo da Vila Dias.
Boteco – Você tinha uma boa relação com o pessoal da Vila?
Gonzaga – Tinha, com a maioria, inclusive. Eu era uma espécie de pacificador. Depois que eu me formei. Antes, eu era briguento. Mas voltando, o cara chutou minha boca, nós arrebentamos o alambrado e invadimos. Acabou o jogo.
Boteco – Aquele dia não teve entrega de troféu?
Gonzaga – Não, invadimos, quebramos.
Boteco – Alguma história em jogos do Mogi?
Gonzaga – Tinha o período que tinha o derby Mogi Mirim e Itapira. Eu já morando em Itapira. Não a Esportiva atual, o IAC, Itapira Atlético Clube, que é aquela cor grená, igual do Juventus, eu cheguei a ser vice-presidente desse time, o presidente era o Aroldo Cristovão Zago, Cristovinho. E teve o derby. Eis que surge, com um belo pistão zerinho, nosso amigo Cação, que ficava no alambrado. Me vai o Cação, a torcida do Mogi, porque tinham amassado o pistão dele, deram um pistão novinho pra ele. Eis que o Cação desce no alambrado e começa: purupupu, purupupu, purupupupupupu… E a torcida do Mogi aqui e a torcida do Itapira aqui, eu estava sentado no meio.
Boteco – Sem torcer para nem um e nem outro?
Gonzaga – Nem para um, nem para outro. E o respeito destes caras comigo é impressionante. O Gilberto, mulatão, grandão, jogou de centroavante no Mogi e no Itapira, estava comigo, já tinha parado. Os caras do Itapira começaram a descer para cima do Cação.
Boteco – Ele estava sozinho?
Gonzaga – Não, com a torcida do Mogi, tinha aquela barrigona, com a corneta. Ele ia para frente e para trás, estava tudo na mesma arquibancada. Só que os caras do Itapira são f… Aí desceram dois, três, pra tomar (a corneta), tomaram, ele começou a chorar. Aí eu falei pro Gilberto: vamos descer, Gilberto porque era grandão e eu porque os caras respeitavam. E o Cação tinha estudado comigo no Ginásio Industrial, eu era truta do Cação. Ninguém pôs a mão. Devolveram. Devolve e fim de papo. “Ele faz isso aqui, e vai fazer isso lá em Mogi, e normal, ele não quer encrenca, nunca arrumou encrenca”.
Boteco – Valeu, Gonzaga!