Presidente do Mogi Mirim, desde 14 de julho de 2015, Luiz Henrique de Oliveira tem ficado distante do dia a dia do clube desde meados do ano passado. Nesta semana, porém, esteve no Vail Chaves. Afirmou que o objetivo principal da presença na cidade foi para verificar a situação do clube e que “aproveitou a viagem” para garantir que a assembleia não ocorresse dentro do estádio.
“Nós estivemos aqui há uma semana, 10 dias, e vimos que aquelas pessoas que se propuseram a fazer a gestão do clube, não estavam aqui. Então a gente procurou vir no clube para saber qual é a realidade do clube”. Durante cerca de uma hora e meia, conversou com o novo gestor do Sapão, o empresário musical Marcelo Galático e viu seus filhos e funcionários garantirem a proibição da entrada de pessoas, segundo eles, não autorizadas. E destacou não legitimar o movimento ocorrido entre segunda e terça-feira.
“A assembleia foi convocada e o clube não reconhece. As pessoas que convocaram não são sócias. Então, a gente cumpre as decisões judiciais, como sempre cumprimos, e a gente não pode fazer nada em relação à assembleia deles. A gente vive em um país sob regime democrático e a democracia é linda por isso. Porque você tem que conviver com a opinião divergente”, afirmou.
O dirigente ironizou a realização das assembleias por parte da oposição e chegou a mencionar um racha dentro do grupo S.O.S. Mogi Mirim. “Eles podem fazer assembleia a vontade, mas não dentro do clube. Porque o clube tem uma diretoria eleita. O clube não é o presidente Luiz Henrique. Nós esquecemos disto. O clube tem 30 pessoas nesta diretoria e ela foi eleita e vai cumprir o mandado dela até o final do ano, de 2019”, exclamou.
Ainda sobre o procedimento que pedia a sua destituição do cargo máximo do clube, ao ser questionado se iria pessoalmente se defender caso convocado pela assembleia, foi taxativo. “Não há porque eu fazer uma defesa perante eles se eu já sei o resultado. Eu vou fazer uma defesa onde realmente se pesam a verdade dos atos, a gestão, a administração e como sempre fiz, que é na Justiça. Já respondemos aqui pelo menos 12 processos e sempre ganhamos. Em primeira e segunda instância. Diferente do que pode ser vinculado nas redes sociais, nos jornais, na mídia, quando chega lá na frente do ‘capa preta’ quem deve, deve e quem não deve, não deve. Lá o Fake News cai por terra. As mentiras das redes sociais caem por terra. Lá tem pessoas preparadas para julgar. Julgar as minhas ações e da minha diretoria e não tenho nenhum temor quanto a isso”, enfatizou.
Em uma entrevista longa, sentado ao lado de Galático, na antiga sala da assessoria de imprensa, ele destacou ainda que segue em disputa judicial contra o sul-coreano Mário Choi e o brasileiro Diego Medeiros, que firmaram contrato de terceirização do futebol, em maio de 2018 até o final de 2022. Segundo Oliveira, eles não cumpriram o acordo e são invasores. Porém, a gestão passou a ficar em mãos distintas desde então. Primeiro, com os sul-coreanos André Ko e Dênis Ahn, que já não estão mais no clube.
Deles, surgiu o lutador e empresário Jaime Marcelo, que foi responsável direto pela liberação do estádio Vail Chaves e pela volta das atividades desportivas, com a inscrição do clube na São Paulo Cup. Porém, na sexta-feira, dia 6, Jaime anunciou seu desligamento do Mogi Mirim. Ele seguirá o projeto de implantação da J Winners FC, que pretende disputar campeonatos profissionais e de base junto à Federação já à partir de 2020. Com a mudança, Galático assumiu a gestão e, ao lado de Oliveira, frisou que está aberto a conversar para oficializar uma parceria com a diretoria. Marcelo ainda ressaltou que não quer misturar questões políticas e que não prioriza um lado ou outro na briga administrativa do Sapão.
Luiz Henrique frisou ter intenção de conversar, inclusive, com Jaime, que já teceu inúmeras críticas a ele desde que se envolveu com o clube. “Sou à favor da conciliação sempre”, destacou. Frisou também que pretende conduzir o processo eleitoral agendado estatutariamente para novembro e disse ainda as razões que o motivam a seguir no clube mesmo com tantas disputas judiciais e, sobretudo, insucessos esportivos e financeiros.
“Enquanto não aprenderem a respeitar a diretoria do Mogi Mirim, a nossa diretoria ficará. Apresentará a sua proposta de chapa. Isso não significa dizer que o Luiz permanece candidato. De repente eu vou apoiar um novo candidato”, cogitou. Apesar de trancafiar o estádio para evitar a assembleia dentro do clube, Oliveira teve um discurso mais ameno que em outros momentos. “O grupo que está aí fora só não vai poder fazer a assembleia aqui dentro, mas ainda tem o mínimo do meu respeito, sabem por quê? Porque sei que querem fazer o futebol. Coisa que eu também quero”.
Denúncias
Com palavras mais sutis que o habitual em relação à oposição, Oliveira foi questionado se sentaria para conversar com o grupo sobre uma possível transição amigável de nomes no comando do clube. “Tenho um respeito muito grande pelo Luiz Adorno. Sabe por quê? Porque eu vejo que ele tem sentimento. Se eles tem sentimento lá, nós também temos aqui. Você não tenha dúvida. Você não sabe como foi dolorido para mim ver o Mogi nesta situação”, enfatizou.
Neste momento, o dirigente chegou a fazer inclusive denúncias. “Foi complicado ver o Mogi perder pontos, jogando a Série C para subir, e, por escalação irregular de jogador, perder pontos e não conseguir ascender à Série B. Depois jogador recebendo dinheiro para entregar jogo aqui dentro. Ver cara que era massagista do clube, comprando seu jogador, comendo do seu pão e te dando facada nas costas. Dentro do vestiário, aliciando jogador para entregar jogo. Massagista do seu clube, aqui dentro. Ver treinador, auxiliar, seja diabo o que ele era, roubar jogador que você busca e levar para outro clube. Aqui tem sentimento também. Enquanto não curarmos estes sentimentos todos, temos motivação para estar aqui”, exclamou mais uma vez. Questionado para revelar as identidades dos envolvidos, disse apenas que bastava ser inteligente para descobrir os personagens e que não pode denunciar os fatos a autoridades pela falta de prazo. “Não tinha como. Foi igual marido traído. O último a saber. Depois que soube, já acabou o campeonato, a sua mulher já foi embora”.