O mundo do futebol amador de Mogi Mirim está enlutado. Na segunda-feira, 10, faleceu Antonio Aparecido Ferreira, aos 57 anos. Ícone de várias gerações, foi atleta, treinador e dirigente esportivo, eternizando nas fileiras do esporte local seu apelido: Tonico.
Ou, como se tornou quase que impossível de não associar, Tonico do Mirante. Afinal, quem o conheceu muito bem e até aqueles que não tiveram tal honra eram incapazes de pensar no Mirante, sem pensar nesta figura. E vice e versa. Tonico foi internado nos últimos dias devido a uma meningite e morreu em decorrência de complicações geradas pela doença.
Deixou os filhos Giovana e Gabriel e demais parentes. E, claro, amigos. Muitos amigos. Tonico sempre manteve um perfil irreverente. Nunca foi de medir palavras e, com sua amorosa sinceridade, cativou até aqueles que rivalizaram no campo que mais amou, o campo de futebol.
No Estádio José Geraldo Solidário despejou todo o carinho que tinha pelo Mirante Futebol Clube. Ou pela Associação Desportiva dos Amigos do Bairro do Mirante, a ADABM. Não importa a formatação oficial, o Touro da Comarca, uma das agremiações mais antigas do futebol amador mogimiriana, teve em Tonico um representante à altura.
Responsável pelo estádio que sedia a equipe por anos, dedicou zelo, tempo e dinheiro para mantê-lo sempre em perfeito estado. Cuidava da grama, brigava por melhorias nos vestiários. Pintava. Eis aí outra arte. Pintor por ofício, prestou serviço em inúmeros prédios da cidade, deixando, em cores, a sua marca, o seu suor. Por mais que, claro, o azul do Mirante tenha sido uma de suas preferidas.
Graças à paixão natural com que lidou com tudo na vida, sobretudo a família, concedeu aos que compartilham do amor pelo futebol a honra de conhecer alguém tão entregue a uma agremiação. A um campeonato. A um ideal. Da participação ativa na luta por melhorias na Lifamm à promoção de campeonatos de veteranos, como o Cinquentão.
Tonico foi campeão pela última vez no último ano de futebol. Em 2019, contra a rival Vila Dias, levantou a Série B pelo Clube do Mirante, assim como havia feito em 1995, quando venceu o Santa Cruz. Foi ainda campeão da elite em 1996, diante do Colorado, além de finalista em 1997 e 2010, perdendo ambas para a Tucurense.
Porém, é uma conquista que completou 35 anos em 2020 que está mais do que eternizada. Em 1985, ainda como jogador do Mirante (então ADABM), levantou o caneco. Em entrevista ao Boteco do Ortiz, um dos quadros históricos de O POPULAR, conduzido pelo jornalista Diego Ortiz, em 2013, Tonico contou inúmeras histórias, entre elas, daquele título.
“Foi o título mais importante do Mirante. Perdemos pro Monte Serrat, em 1983, depois em 85 chegamos na final, ganhamos da Vila”. Bater um papo com o Tonico sempre foi motivo para parar e ouvir. Infelizmente, ficou na história. Sorte dos que puderam acompanhar sua paixão pelo futebol. Porque agora é a hora de reencontrar com o seu amor.
Também em um mês de maio, mas em 2017, Angela Maria Labegaline Ferreira nos deixou. E, agora, Tonico irá reencontrá-la. E, de onde estiver, ao lado da amada, estará sempre pronto para servir aquela cerveja gelada aos amigos, falar o que lhe der na telha, torcer pelo Mirante e olhar pelo nosso futebol amador. Viva, Tonico. Viva, o Tonico do Mirante!