A cidade vem colecionando uma série de graves problemas. O caso do Parque das Laranjeiras, bairro da zona Leste, do Mogi Mirim Esporte Clube, da Santa Casa de Misericórdia e da própria Prefeitura. Alguns deles se arrastam há mais de 30 anos, outros são mais recentes, mas todos foram causados pelo mesmo motivo: uma péssima administração dos recursos. Ironicamente, outra semelhança é que todos eles dependem de “milagrosos” recursos para terem as dificuldades solucionadas. Frequentemente, a tribuna da Câmara Municipal é usada e lá estão esses assuntos, predominando os discursos.
Uma má gestão não significa, necessariamente, o desvio de recursos públicos para fins escusos, e sim a falta de definir prioridades e tomar decisões necessárias para o bom andamento, seja de uma entidade ou da máquina pública. Antes da união diante de uma causa, fundamental é deixar a bandeira da politicagem fora das decisões. Achar um ou mais culpados também não resolve o problema. Na situação da Santa Casa, por exemplo, uma auditoria não apagaria a dívida total do hospital, que hoje já bate quase R$ 54 milhões.
O alto valor inclui o descompromisso com fornecedores, médicos, impostos, empréstimos bancários e até com postos de combustíveis e serviço de telefonia. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, instaurada na Câmara Municipal em fevereiro do ano passado e voltada para investigar a arrecadação, destinação e utilização dos recursos firmados em convênios entre o Município e a Santa Casa de Misericórdia, apresentou como conclusão a má gestão no uso dos recursos públicos geridos pela unidade.
É importante, sim, que as pessoas sejam responsabilizadas por suas ações, contudo essa punição não seria, a princípio, a medida que a Santa Casa mais precisa nesse momento. Ou apareceria um “salvador da pátria” para bancar todo o débito? A hipótese é pouco provável. O mais urgente é estagnar essa dívida, que vem numa crescente desde 2010, e reequilibrar despesas e receitas, uma missão para a nova equipe administrativa do hospital. As ações devem ser práticas e ir além das campanhas já realizadas.
O que não pode é deixar chegar ao ponto de fechar as portas, deixando desamparada a população mais carente do município. Isso, sem dúvida, traria consequências mais drásticas que a dívida em si. Uma intervenção, já descartada pelo Poder Executivo, tornaria o cenário ainda mais caótico, especialmente para a imagem da Prefeitura, que já anda em descrédito até com o próprio funcionalismo. Haverá luz no fim do túnel? A certeza é que se ainda houver uma maçã podre no cesto, todas as alternativas serão em vão. Só o tempo poderá revelar. O jeito é esperar para ver e cobrar.