Apesar do título remeter à excelente coletânea da banda Legião Urbana, o assunto não terá nenhuma relação com o tema. Na verdade, o intuito deste texto é destacar um importante ponto abordado na última semana: supercompensação. Como já havia relatado, esse termo se refere ao processo pelo qual o corpo responde a um estímulo dado (geralmente treino) “produzindo mais do que havia” antes.
Suponha que o corpo tenha um valor de 10 medidas para alguma capacidade qualquer, e logo após o estímulo (prática de exercício físico) esse valor cairá para 6. Durante o período de recuperação o corpo retornará aos 10 que havia antes, mas aí vem a fase de supercompesação que produzirá um pouco mais do que havia, elevando para 11 ou 12 medidas, e desta forma melhorando a capacidade do corpo.
Desta forma, fica mais fácil perceber que para melhorar qualquer aspecto relacionado ao corpo, é necessário planejamento para que a relação entre estímulo-recuperação-supercompensação seja adequada. Isso vale para esportistas (inclusive amadores) de todas as modalidades, praticantes de ginástica e academia, pessoas que querem emagrecer, recuperação de lesões etc.
Se o objetivo é saúde e melhora da qualidade de vida, também é necessário que haja uma boa dosagem, em especial do estímulo, para que não se faça sempre a mesma atividade, com as mesmas características referentes a tal, sob pena de ocorrer acomodação e reversibilidade (dois termos utilizados no treinamento para se referir aos períodos em que o corpo deixa de evoluir e passa a piorar, respectivamente).
O exemplo do emagrecimento é um dos mais fáceis de perceber tal situação: costumeiramente, a pessoa que tem um peso X passa a fazer caminhada para perder peso. No início, obtém bons resultados e passa a pesar X (qualquer valor); vale notar que se mantiver a caminhada no mesmo ritmo, o esforço dessa pessoa será menor, pois ocorreu redução no peso corporal enquanto a velocidade do exercício se manteve, tornando o estímulo insuficiente para que haja sucessivas supercompensações e, por consequência, melhora a médio e longo prazo.
Com o passar dos anos é natural que nossos corpos entrem em uma fase descendente, de piora das capacidades físicas. Desta forma, fazer sempre o mesmo, não retardará o envelhecimento físico tal qual ocorreria se houvesse prática mais adequada. Fazer “mais do mesmo” também poderá ser um tiro no pé, pois os riscos de se lesionar são maiores quando há apenas aumento do volume da atividade.