sábado, novembro 23, 2024
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Mais é melhor?

Nossa sociedade capitalista tem uma forte tendência a valorizar o esforço individual, o que é bom, pois ainda é considerada a melhor forma de avançarmos em distintas áreas. O aluno que estuda bastante é mais valorizado do que o “preguiçoso”, o trabalhador que tem uma jornada de inúmeras horas “merece mais” do que outro que possui uma carga horária reduzida, o atleta que treina mais tende a se dar melhor do que o menos esforçado…

Contudo há sempre o outro lado da moeda, ou até alguns outros lados, e aqui analisarei com enfoque a atividade física. É sabido que o sedentarismo, a ausência de exercícios físicos, é prejudicial para a saúde e qualidade de vida. Graças a essa linha de pensamento, inúmeras pessoas passaram a praticar alguma atividade que exige esforço do corpo, deixando assim o sedentarismo para trás e acabaram tomando gosto pela coisa… Até aqui tudo bem, contudo na cabeça de alguns surge uma nova mentalidade, na qual quanto mais treinos fizer, melhor será, e aqui a situação começa a degringolar…

O excesso de atividade física pode acarretar inúmeros problemas, sendo alguns deles bastante sérios, como lesões nas articulações (alguns são irreversíveis, como nas cartilagens), lesões ósseas e musculares, distúrbios de humor, mudança no apetite, alterações no sono, dentre outras. Logo o intuito inicial de melhora da saúde e qualidade de vida cai por terra, pois apenas um dos itens citados na sentença anterior já tem enorme potencial para reduzir estes. Quando isso ocorre é bastante possível que a pessoa tenha sido acometida por uma síndrome chamada overtraining, numa tradução simples de “excesso de treinamento”.

Além da queda na qualidade de vida e danos à saúde, essa síndrome produz piora no rendimento esportivo (independentemente da modalidade praticada), ou seja, o praticante de corrida não conseguirá completar a distância que estava acostumado no tempo que fazia, o futebolista piorará seu rendimento dentro de campo, o praticante de musculação não conseguirá evoluir e assim por diante.

Logo é importante que estejamos atentos aos sinais que o corpo nos dá, pois queda na imunidade, cansaço acima do normal, redução no desempenho, piora na qualidade do sono, alteração no humor (costuma ficar mais irritado), dificuldade para se concentrar e dores constantes são fortes indicadores de excesso de treino. Respeitar os limites do próprio corpo é fundamental quando o intuito é ter saúde e qualidade de vida, afinal mais nem sempre é melhor.

Luís Otavio Bueno de Toledo é personal trainer graduado pela USP (bacharel em Esporte graduado em 2012 – trabalhou na área fitness do Clube Paineiras do Morumby em São Paulo e no Clube Mogiano, em Mogi Mirim). E-mail: [email protected]

 

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