De volta ao Boteco, o técnico do Mogi Mirim, Maizena, conta como aceitou iniciar a carreira de treinador no Paraguai, onde já tinha atuado como jogador, revela como utiliza a leitura para buscar inspirações na carreira e fala da importância de também ser original.
Boteco – Quando você era jogador, já se preocupava em observar a questão tática ou foi gostar disso depois?
Maizena – Por incrível que pareça, não. Na realidade, nem pensava que ia ser treinador. Um amigo de Cianorte, filho dele jogava no Paraguai. Eu tinha recém-parado de jogar em 2000 e montei uma escola de futebol, tinha 80 alunos, na minha cidade, São José do Rio Preto. Ele: “Maizena, você não quer ser treinador aqui de um clube do Paraguai?”. “Você tá louco, mexer com treinador, não sei mexer com isso, não”.
Boteco – Depois que você encerrou a carreira de jogador, no Paraguai, você voltou para o Brasil, então?
Maizena – Para São José do Rio Preto. Esse amigo meu falou: “Eu via você e via como bom treinador”. “Não, mas de jeito nenhum, não quero mexer com isso daí, não”. “Ah, mas eu falei de você aqui”. “Então vamos fazer uma coisa”…
Boteco – Você nem imaginava?
Maizena – Mas de jeito nenhum. Eu falei: “Onde é?”. “É perto de Foz do Iguaçu, Ciudad Del Este, Deportivo Marina”. “Fala pra ele: se me der 2 mil dólares, eu vou”. “Meia hora”, ele falou, “então, você me espera”. Com meia hora, toparam. Falei: “E agora?”. Peguei e fui, na cara e coragem. Aí deu certo. Eu não queria, pensei que eu não tinha esse perfil.
Boteco – E como você chegou diante dos jogadores, na primeira oportunidade, era tudo novo pra você?
Maizena – Mas é aí que falo, a escola de quem viveu aquilo, queira ou não, você sabe conversar um pouco, tem um ex-treinador, vai lembrando dele, pegava um pouquinho ali, aqui, pegava também da gente, a forma de falar, se expressar e foi aí que comecei a aprender, a ler um pouco mais, a ver esquema. Antes, eu gostava muito do Muricy, a forma dele falar, agir. Depois, veio o Tite, aí, tenho um livro dele que leio toda hora, esquema tático, postura, forma de falar, agir com os atletas. Às vezes, acho que me perco um pouco, vou no livro e começo a ler um pouquinho.
Boteco – Você tem suas inspirações, então?
Maizena – Justamente, ele e o Guardiola, tenho os dois livros, chama Guardiola Confidencial. Vejo a forma deles falarem, de trabalhar, gosto de colocar em prática.
Boteco – Aí você começou a se preocupar com tática, estudar?
Maizena – Foi, mas o treinador, na minha opinião, tem que ser criativo. Não é só copiar, gosto do Tite, do Muricy, vou ser igual? Tenho que estar criando alguma coisa. Que nem, por exemplo, as bolas paradas que estamos fazendo é criação minha. Pra você ver, quando o Leão era treinador do Santos, o Ricardo Oliveira fez um gol na Libertadores em uma jogada, eu já tinha feito a jogada antes.
Boteco – Você cria, pensa na sua casa?
Maizena – Na hora. Estou dando um treino, já é uma coisa de Deus. Acho que esse amigo acertou a mão, eu sou muito criativo, na hora que estou trabalhando ali, já estou vendo o que quero fazer lá na frente. Que nem, as bolas paradas, eu não vi ainda os clubes fazerem. Não vi. Se o jogador tiver focado, não tem como… É gostoso, você tem que criar.
Boteco – Maizena volta para revelar curiosidades de como eram suas divertidas noitadas na época de jogador.