Pensar no próprio umbigo é uma frase clichê, mas que traduz o comportamento vivido quase pela totalidade da sociedade. No entanto, não chega a ser exclusivo, pois ainda hoje há pessoas que conseguem perceber a necessidade de outros indivíduos e fazem o máximo para ajudar. Algumas mães, por exemplo, quando em condições, chegam a doar o próprio leite para que outros bebês possam se alimentar quando suas geradoras ainda não possuem. Esse foi o caso de três mamães moradoras de Mogi Mirim que ajudaram a salvar a vida de diversos bebês no ano passado, doando o leite materno para que o Banco de Leite Humano de Itapira repassasse o alimento para os hospitais da cidade e região, onde estavam internados os pequenos.
Tatyana Montera Polettini, Aline Cesaroni da Silva e Shirley Osti são as mães que, além de contribuírem para a vida de diversos bebês, acabaram por ser homenageadas neste mês, pois foram as que mais doaram leite no ano passado. Elas foram homenageadas com flores e faixas de misses doadoras. Tatyana foi a miss ouro, Aline a miss prata e Shirley a miss bronze.
Para se ter ideia da importância: a doação de Tatyana, cerca de 35 litros em oito meses, chegou a ajudar 80 bebês!
”Eu sabia da homenagem porque logo que iniciei a doação vi, pelas redes sociais, as mamães homenageadas do ano anterior. Mas, jamais imaginaria que eu seria a maior doadora daquele ano. Foi uma surpresa pra mim! Recebi a ligação de uma das enfermeiras e, depois de me convidar para participar de um evento, me comunicou sobre meu título. Foi legal demais! Na semana seguinte, duas representantes do Banco de Leite vieram até Mogi e me homenagearam com flores, uma faixa de Miss Doadora Ouro e um certificado”, recordou a miss ouro.
Os bebês auxiliados com o leite materno das mamães de Mogi Mirim são crianças internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal ou nas semi unidades. Como são bebês que geralmente nascem prematuros, as mães ainda não conseguem alimentá-los sozinhas. E é em meio a este processo que entram as mães doadoras, mas que só conseguem ajudar porque já estão amamentando seus filhos e geralmente a quantidade de leite gerada é superior a consumida pelas crianças.
“Pensei nas mães que querem e não conseguem amamentar, porque é um ato prazeroso, porém às vezes difícil, em virtude do cansaço que se sente, especialmente no início. É um dos momentos em que a mulher mais precisa de apoio e em muitos casos não tem, e isso precisa ser lembrado pelos familiares e pessoas mais próximas. É muito bom saber que, além de amamentar minha filha, consegui ajudar outras mães”, destacou a miss prata, Aline.
A miss bronze, Shirley, disse que seu filho nasceu prematuro e ficou um tempo no hospital, mas que logo começou a ter leite e a produzir em muita quantidade. No começo ela disse que jogava fora, pois não sabia o que fazer, mas que logo que foi orientada percebeu que teria a oportunidade de ajudar mais bebês. “Morria de dó quando tinha que jogar o leite fora. Fiquei muito feliz em poder ajudar, mas como não foram nem dois meses eu nem imaginava que seria homenageada, até pulei de felicidade”.
Como conhecem o Banco de Leite Humano de Itapira
Como explicou a coordenadora do Banco de Leite Humano, Juliana Belinello, as mães acabam por conhecer o banco, que faz parte do hospital municipal de Itapira, ao procurarem por ajuda e é partir daí que o relacionamento até chegar a doação acaba ocorrendo. “As mães que acabam de ter o bebê nos procuram porque estão com dificuldade de amamentação ou dúvida. Tem mães que não colocam a criança na posição certa, tem dificuldade (…) Se estiver incorreto pode machucar os mamilos das mães e muitas desistem”, frisou.
As mamães aprendem a amamentar e logo percebem que o leite gerado pode ser superior a necessidade do bebê e é neste momento que o Banco informa também que há possibilidade de doar o excedente.
“No momento estamos com 22 mães, geralmente as que mais participam são as mães que mais precisaram”.
Leite com qualidade
As mães que fazem doação de leite precisam estar em perfeita ordem com a saúde. Vários exames são realizados e para doar é preciso estar amamentando o próprio bebê (pois a prioridade é para o filho), não usar drogas e extrair o leite em perfeitas condições higiênicas, mas o processo é orientado pela equipe do Banco.
Contato
Para saber mais sobre o trabalho, procurar ajudar ou doar leite, entre em contato pelo e-mail [email protected], ou pelo Facebook Banco de Leite Humano de Itapira ou ainda via telefone (19) 39139393.