Após atuar em centros exóticos como El Salvador e Sérvia, o mogimiriano Marcinho Teruel está há três meses defendendo o Vittoriosa Stars, em Malta. Revelado pelo Sapo, Marcinho aborda a experiência no país, localizado ao sul da Itália.
Boteco – O que mais te chamou a atenção no futebol maltês?
Márcio – A educação dos malteses. Eles realmente ficam tristes após uma bronca ou desentendimento, que é normal no futebol. O que era para ficar no campo eles acabam levando para casa, pedem desculpas e levam bolos. Basicamente uma cultura diferente da nossa, que não pede por favor para receber uma bola ou desculpas após um gol perdido.
Boteco – E os estrangeiros? Acabam respeitando os malteses em função disso? Ou há estrangeiros que se aproveitam?
Márcio – Não se aproveitam, mas muitas vezes é difícil não chamar a atenção. Futebol é um jogo que todos querem ganhar e na maioria das vezes o que menos erra sai vitorioso. Mas por ser assim, é normal e mais fácil que os estrangeiros se adaptem ao estilo e costumes do futebol dos malteses.
Boteco – Qual o idioma falado em Malta?
Márcio – Língua oficial é o maltês, mas como é um país turístico, o inglês também pode ser considerado oficial. Com os jogadores malteses, a comunicação é com o inglês e a linguagem do futebol, que após se conhecer em campo, olhares e gestos acabam sendo suficientes. A adaptação está sendo ótima, já que em meu time temos mais dois brasileiros, um colombiano, um português e um japonês, sendo que todos falam português.
Boteco – Como surgiu a oportunidade de jogar em Malta?
Márcio – Se deu através de amigos em comum que fizeram meu material chegar às mãos do atual treinador, que se interessou e me enviou o pré-contrato com as passagens.
Boteco – Como está sendo a experiência?
Márcio – Ótima, diferente de todas as outras, como sempre positiva. É sempre agradável enfrentar novos desafios.
Boteco – Alguma situação engraçada nos primeiros dias?
Márcio – Engraçado é ter tanta língua portuguesa falada diariamente em um time de Malta, onde a todo o momento encontramos graça na diferença entre língua portuguesa de Brasil e Portugal, pois os malteses são sempre muito bem educados e fazem o possível para agradar aos estrangeiros. Porém, aqui quase tudo que você faz, é preciso trazer um bolo para compartilhar após os treinos. Primeiro jogo oficial, primeiro gol oficial, aniversário, jogador que leva bolo após uma discussão com alguém no treino e outros milhares de motivos.
Boteco – Com tanto bolo assim, os jogadores não engordam?
Márcio – Muito difícil, porque o bolo para 30 pessoas fica bem pequeno. Serve mais para estar sempre encontrando motivos para sorrir, para conversar e estar sempre em união com os companheiros. Não que seja só festa, pois há muita cobrança em cima dos estrangeiros para que as coisas aconteçam em campo. Porque em qualquer país, pequeno ou grande, estrangeiros terão uma cobrança maior pela vaga que ocupa, que é limitada. Antes eram permitidos três estrangeiros, mas nesta temporada subiram para cinco e um no banco, para forçar ainda mais a evolução do futebol no país.
Boteco – O brasileiro é assediado de forma especial?
Márcio – O assédio existe, como em outros lugares, mas em um país pequeno é normal que seja mais contido.
Boteco – Marcinho Teruel volta ao Boteco para contar casos curiosos e falar sobre a vida na ilha de Malta.