Inspirado em Jorge Emiliano, dono do mesmo apelido, o folclórico árbitro Clésio Moreira dos Santos, hoje muito requisitado para jogos festivos, explica como passou a ser chamado de Margarida, comenta sobre seu estilo e relembra uma confusão na final do Catarinense de 1999.
Boteco – Você adotou o apelido Margarida depois que se aposentou profissionalmente ou já era desde o início?
Margarida – Foi desde 1995, porque eu e o Jorge Emiliano, a gente tem uma semelhança física muito grande e a própria imprensa que rotulou a gente de Margarida. Foi por isso.
Boteco – A sua atuação como Margarida foi depois que você se aposentou dos jogos profissionais ou desde o começo?
Margarida – Eu comecei em 1989 quando eu fiz o curso de árbitro da Federação Catarinense. De 90 a 94, a gente fazia parte do quadro da Federação e eu trabalhava mais nas categorias de base e em Segunda Divisão. Em 95, eu tive oportunidade de entrar no quadro nacional da CBF e fiz a minha estreia no apito. De 95 pra cá, a gente vem dando uma sequência na carreira. A inspiração do Margarida, não diria que só o Jorge Emiliano… Eu fiz uma pesquisa de árbitros folclóricos no Brasil e resolvi criar o meu estilo próprio. Me inspirei muito em Jorge Emiliano (Margarida original), Armando Marques, Almir Renzi, o Morgardinho, José Roberto Morgado, eram árbitros bem folclóricos, eles tinham uma maneira diferenciada de arbitrar. E eu comecei a criar um estilo próprio, que é minha tradicional corrida de costas, criei o passo da gazela, largada do jogo, quando eu dei uma parada na arbitragem convencional, do futebol profissional, eu criei o uniforme cor de rosa. Eu digo pra todo mundo que sou o precursor de colocar uma cor feminina dentro de um esporte tão machista como o futebol.
Boteco – Foi antes das Federações adotarem o rosa?
Margarida – Isso, eu digo o primeiro cara a colocar um uniforme totalmente cor de rosa pra entrar em um campo de futebol para apitar fui eu, Margarida.
Boteco – Como foi a polêmica na final do Catarinense? O bandeirinha acabou te complicando?
Margarida – Em 1999, eu tive a oportunidade de fazer a decisão envolvendo as duas maiores torcidas de Santa Catarina, Avaí e Figueirense. E no segundo tempo, houve um gol que eu tive que anular porque eu acatei o comando do meu assistente, o Paulo Henrique de Godoy Bezerra. Ele tinha anulado o gol, dando impedimento e eu já estava com a bola até o meio de campo. Aí na sequência, ele me chamou, fui até ele e ele confirmou que realmente estava impedido, tive que anular o gol do Avaí.
Boteco – E você já tinha confirmado o gol…
Margarida – Eu já tinha confirmado o gol, aí tive que anular o gol do Avaí, para a sorte da torcida do Figueirense (risos). Mas são lances assim que ocorrem, né? A gente tem que ficar atento a tudo, principalmente no olhar para o assistente. São fatores que ocorrem com a arbitragem.
Boteco – Você ficou assustado naquele dia?
Margarida – Não, porque a gente já tinha passado por outras oportunidades. Dizem que foi o jogo mais polêmico do Campeonato Catarinense até hoje, que entrou cachorro, cavalo dentro do campo, mas isso faz parte do espetáculo, faz parte de uma decisão. Mas tempos depois, voltei a apitar jogos de Avaí, Figueirense, que é o clássico de Santa Catarina. E demos sequência, não tem que se assustar, não.
Boteco – Margarida volta para abordar suas criações como cartão pink e falar sobre cantadas recebidas de jogadores.